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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Marx is back









A Karl Marx Allee é como desfilar diante de uma tela de cinema de propaganda dos longínquos anos de guerra fria. Sem tirar nem pôr.
Os prédios de uma geometria bélica e obsessiva, alinhados com exemplares de um neo modernismo, anos setenta, azulejos em relevo em paredes que sonhavam ser murais, as referências reverenciais à bendita mãe soviética.
Lembraram-me a minha escola – mas apenas subitamente e em flash – eram os anos setenta, de resto a imensidão a desmesurada dimensão das coisas – para quê tão grande, tão largo e tão alto – como se o objectivo fosse reduzir as pessoas à sua insignificante dimensão, fazer desaparecer a escala humana das coisas.
E por isso mesmo a avenida parece permanentemente fantasma, apesar de povoada, fora de época apesar de moderna, fria e ventosa porque demasiado arejada, quem sabe se mais exposta a leste.
Circulava a alta velocidade em cima da minha bicicleta social urbana e via desfilar diante de mim aquele filme e já não entendia bem se estava dentro ou fora do filme, tal era o realismo e, apesar da velocidade turvar os detalhes, o hexagonal relógio vermelho, mostruário quadrado, números explosivos de um plástico quase efervescente atirou-me definitivamente para os meados do século passado, nas Olimpíadas de um socialismo maior.
Acidente ou hipnose súbita? Finalmente o vento empurrou-me para a praça: AlexanderPlatz, o centro do mundo, segundo os saloios democratas do leste profundo.

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