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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A leste tudo de novo










A leste tudo de novo – bem podia ser o título do novo romance de Buarque, depois do inspirado Budapeste que, em filme retratava uma cidade plena de subtilezas, insinuações (nuances é a palavra), tons de amarelo e estátuas.
É portanto uma cidade feminina, por um lado uma capital assumidamente moderna e europeia mas povoada de centenas de recantos obscuros e quase indecifráveis, pátios que se escondem na saudosa decadência dos prédios escuros (herança de uma qualquer educação severa?), uma imensidão de parques e jardins em que estátuas solitárias abrigam seres em meditação, mendigos que dormitam nos bancos de madeira corroída pelo tempo, seres que se perderam no furacão da mudança de ciclo (político, mental, sistema ou uma preciosa palavra, mind set).
Mas a cidade (mulher) moderna renova-se a uma velocidade tão galáctica que as correntes do Danúbio parecem estáticas, presas na ponte das correntes, também ela uma obra do último período de fúria criativa vivida pelos húngaros: a secessão austríaca da segunda metade do século dezanove.
Esta urbe, que sempre se habituou a copiosas destruições, recupera o esplendor da arte nova, mistura-o com marcas de extrema modernidade do novo século (procurando camuflar o século passado das trevas) e veste-se de gala ocidental.
Só teria pena (que) se nada restasse da sensual decadência, mais misteriosa que obscura e que torna Budapeste tão apelativa e distante dos ícones do oeste, agora como há vinte e nove anos atrás

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