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segunda-feira, 16 de junho de 2014

The Rock – A derradeira fronteira




Afirmar que Gibraltar é a última fronteira pode parecer um exagero
Mas Gibraltar é muito mais que uma curiosidade histórica, porque do penhasco se vislumbra sem dúvidas o continente africano, provavelmente o único local da Europa em que sente África.
E, diante a pequenez geográfica do Estreito, a afirmação da soberania britânica é impressionante.
E entende-se, gostem os espanhóis ou não.
Mesmo que a Europa unida e sem fronteiras reduza a importância estratégica do rochedo de Sua Majestade, visto de cima tudo parece mais claro.
E a História é feita de muitos séculos e a presença da polícia inglesa, do outro lado das barreiras espanholas, é presumivelmente uma demonstração de visão de longo prazo.
Apesar do seu ar jovial e levemente distraído diante dos passaportes portugueses.
São muitos séculos de santa aliança.
Pelas mesmas razões, Melilla e Ceuta não têm aparentemente tradução direta para árabe.
E esta interferência ostensiva da Inglaterra nas disputas entre os povos ibéricos e árabes pela supremacia no estreito é um reflexo da complexidade que os humanos acrescentam ao mundo.
Mesmo que a presença incomodativa e persistente dos macacos na plataforma do topo do rochedo tenda a distrair-nos da visão principal, o azul do mar, o cinzento das montanhas africanas que perfuram o nevoeiro e o castanho da grande rocha revelam a crueza dos elementos, digna das fronteiras com História.
Longe da multidão que se ocupa dos bichos e dos souvenirs, é no solitário miradouro sul que me apercebo que há paisagem para além do porto de Gibraltar.

África ali tão perto. Afinal a História comum tem também raízes geográficas