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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

30 e 1/2

Bom dia G, eu sei que vais ler esta mensagem logo pela manhã em que tu, fresco de quem já trabalhou, nos vais acordar para o último dia do ano.
Precisamente no nosso 30 e 1/2 do mês de Dezembro
Eu também sei, que à tua conta, vou rebentar com as audiências no canal da noite.
Por falta de escrúpulos, roubei-te os direitos de autor...

"O lugar dos bimbos..." - Gonçalo Santos

Nove e meia da noite, tu começavas o dia 30 e nós preparávamos-nos para o terminar e lembraste-nos como era viajar no lugar dos bimbos, no autocarro 27(?)...não resisti, a caminho de Edgar Road ainda te perguntei se chovia ou se tinhas tremido a camera.
Inveja pura. Londres na noite escura de Inverno também tem luz, se o artista for bom.
Aproveito para partilhar contigo a minha vista quando ultrapassar o dia 30 e 1/2 e chegar ao 31...e tu, provavelmente estiveres a dormir

"O outro lugar" - Nuno Santos

Para variar...uma imagem limpinha.
Mas a minha inveja no último dia do ano não tem limites e decidi roubar-te todas as fotos do What'sApp, aquelas que mostram que temos um gosto requintado...e que tu vives no centro do mundo


A Nicole à porta do teatro (sou ou não um grande invejoso?)


Quando te foste despedir do Zé a Strandford Bridge...


Quando me quiseste fazer inveja em dia de folga e fotografaste o meu santuário ...qual Westminster!


Quando te iniciaste nas bloguices...

http://goncalopsantos.blogspot.pt/



Quando visitaste o primo A no topo do Shard, logo tu, que tens um pavor das alturas...


Ou ontem, quando nós cá e tu aí, sofríamos escandalosamente com o nosso glorioso, mas aguentámos, firmes, até ao fim


Desculpem lá filhos esta intromissão na vossa privacidade e na vossa vida artística mas afinal de contas tenho um bom pretexto.
Hoje é dia 30 e 1/2, nós vamos dormir e tu estás a trabalhar mas hoje, quando vires a notícia, eu estou a dormir e tu acordado e está na altura de trocarmos presentes porque está a chegar o dia dos reis.
Para o caso de não nos encontrarmos a tempo, Happy New (and crazy) Year

D

P.S. A minha maior inveja não foi a Nicole, foi a bela foto de ontem à noite, tirada no lugar dos bimbos, carreira 27 a caminho do Landmark!



terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Night Madness

De tão absurdo, o movimento deixou de me incomodar.
A noite de loucura, chuva, acidentes e homens loucos ao volante podia afinal de contas ser uma sinfonia de luzes arrastadas, de formas esbatidas e de luminosidades contrastadas.
Abstraí-me da lentidão dos meus movimentos e procurei a imperfeição nos gestos anónimos dos outros.
E o tempo esvaiu-se sem que eu conseguisse captar toda a essência do desfocado.
Para aí uma hora depois...
Quem disse que a genialidade não persegue os loucos?



















segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Photografia

Parece recorrente a atração do contemporâneo pelo abandono e pela ruína, pela exclusão e pela desventura...de tal forma ostensivo que até altera a nossa perceção dos espaços comuns... (in Centro Português de Fotografia, Porto)



Madrid Off
 www.mostraespanha2015.com 


muda-nos a perspetiva da cadeia da relação...



a imagem enquanto expressão social...



e volta a mudar-nos a perspetiva dos espaços de liberdade...



como se pretendêssemos realçar o peso do abandono e das injustiças...à entrada de um espaço que já foi prisão! 

domingo, 27 de dezembro de 2015

Sete bicas



Nas vésperas de Natal na curva das sete bicas havia uma fonte de luz rosa que insistia em atrasar a consoada, solitária fonte de arraial fora do seu tempo que procurava chamar a atenção para o facto do Natal ser quando o Homem quiser.
Não havia transeuntes nem pipocas, apenas uma luz desconcertante na curva das sete bicas.
Imaginei vultos apressados que passavam sem parar, mas a única imagem que prevaleceu era de uma casa de bonecas que tinha caído do trenó do Santa, uma curva apertada, ali para os lados da fonte das sete bicas.
E ela ali ficou, provavelmente toda a noite a anunciar a chegada de uma noite de magia.
Nas vésperas de Natal apeteceu-me uma fartura, mas não parei.
Provavelmente porque tinha pressa, ou porque duvidei da visão de uma casa de bonecas colorida e luminosa, tão surpreendente que só podia ser uma miragem, uma reminiscência tardia de conto de fadas.
Mas nessa noite sonhei com a churraria Nanda, com as pequenas luzes a brilhar e o fumo que saía pelas janelas e juro que até senti o cheiro, tão real que não podia deixar de ser verdade.
E até ouvi canções de Natal!
E quando acordei, lembrei-me dos tempos em que acreditei no Santa.
E depois da noite do Santa, voltei à fonte das sete bicas e a casa das bonecas estava lá, onde eu a tinha deixado.
A luz estava apagada, não havia fumo a sair da janela nem cheiro a farturas, mas a casa rosa era a prova de que o pai natal tinha por ali passado, apressado e descuidado, e por ali tinha deixado a prova da sua existência.
Por detrás da roulotte rosa, nascia uma árvore que, na noite de consoada, bem poderia ter sido a árvore de natal das sete bicas!

sábado, 26 de dezembro de 2015

O Sol de Inverno

O nosso Natal nunca foi feito de tons de branco, longas harmonias à volta da lareira ou de canções tradicionais.
Um imaginário nunca alcançável. 
Apenas intervalos na agitação das noites longas embrulhadas em grandes volumes de papel colorido e panelas estridentes e de um vai e vem nas autoestradas reflectidas pelas luzes frias espelhadas no azul das placas de sinalização.
Reflectoras da nossa vida em passo de corrida.
Apenas intervalos. 
Como o Sol de Inverno nas manhãs desertas do dia 25.
O Natal não seria o mesmo sem este fim de festa, em que o tempo pára e nós pairamos sobre o limbo do presente.
O que mais se aproxima do imaginário de paz. 
Que o digam as renas perdidas entre os espelhos do rio e os reflexos das margens!














sábado, 19 de dezembro de 2015

Pure Nature

A olhar para este mar e para este céu, ganho coragem e peço ao Pai Natal um pedaço de deslumbramento.
E eu, que logo de manhã, adivinhava esta luz de presépio, um cinzento cheio de tons e um barulho de ondas redentor.
Uma hora de pura natureza ao vento, foi o suficiente para restabelecer todos os equilíbrios. 
Há quem afirme que depois da tempestade vem a bonança mas é a tempestade que desperta os sentidos, e nem mesmo o tipo que me seguia desde a estação de olhar guloso para a minha máquina, me conseguiu estragar a tarde.
Afinal de contas, todos temos direito ao puro fascínio de uma natureza que se agiganta perante a perspetiva de uma tempestade no mar.



















quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

24 horas



Do patamar de um armazém com vista sobre a cidade, não se vislumbram personagens marcantes da noite amarela.
Inspirei o fumo de um cigarro de cowboy, debrucei-me sobre uma miragem dos subúrbios violentos e encarnei em Clint Eastwood, implacável e justiceiro que protege as luzes da cidade das sombras marginais que se escondem, entre os candeeiros de rua e os contornos dos viadutos, nas outras vinte e quatro horas do dia.
Podia ter sido em S. Francisco, mas foi no Cabo Ruivo.
O Clint não usava telemóvel, a única sombra era a minha e os heróis de hoje já não fumam!
Resta a memória intermodal do Calatrava.





sábado, 12 de dezembro de 2015

Manifesto (There is no such thing)



Afinidades electivas - Julião Sarmento
Museu da Eletricidade


One's Own Arena - José Pedro Cortes
Museu da Eletricidade

Improvável


Olha, NZ, neo nazi – e soltou um riso alarve, apontando para a caravana estacionada no parque, do lado de fora do vidro.
E com o riso, soltou os dentes apodrecidos e despertou a atenção de quem se satisfaria apenas com um café, tomado tranquilamente ao balcão
Afinal NZ era provavelmente uma afirmação de identidade do proprietário da caravana, cuja matrícula bem podia ser oriunda da Nova Zelândia.
Mas o espécime com raízes jamaicanas e um sotaque de Alcântara pretendia certamente verbalizar a sua irreverência estética numa frase com o mesmo impacto visual.
Mas não conseguiu, acentuando apenas o aspeto de fora de época de Belém em vésperas de Natal.
Em frente, tão lá fora como cá dentro, jazia o terminal de barcos, vazio de fechado, que gemia de ruídos metálicos, provocados pelo batelão solitário que se contorcia de dores.
Nada convencional para um Sábado de manhã cheio de Sol e de temperatura amena.
O NZ e todos os outros caravanistas abriam as suas esplanadas próprias e almoçavam com vista para o rio.
E o batelão gemia contra os ferros.
E apenas alguns transeuntes se exercitavam pela beira-rio fora, procurando sem êxito manter as rotinas de um fim-de-semana de Sol junto à água.
E importante não esquecer um grupo de polacos que prolongavam hoje as preces de uma primavera em Varsóvia.
Se não fosse o silêncio e o vazio inesperado desta manhã, nunca teria reparado no barbudo de tranças frisadas que tresandava disparate, nem nos caravanistas que tinham aqui chegado da NZ e que almoçavam com os pés em cima do rio, nem nos pescadores de rio que, ao contrário do que seria convencional numa manhã de Inverno, pescavam ao Sol, sem impermeáveis que os protegessem dos, mais que prováveis, vento e chuva.
O rádio do bar de Verão, anunciava trânsito intenso no Martim Moniz, na Avenida da Liberdade, na Avenida Fontes Pereira de Melo, na…
Afinal de contas, não há nada de não convencional neste silêncio dos solitários.
Por convenção é Inverno, logo chove, logo ninguém passeia no rio.
Por convenção é Natal que, por convenção, desperta uma fúria de presentes, avassaladora.
Logo, a cidade virou-se para as avenidas e desprezou o rio.
Mesmo que o rio nos tenha brindado com um azul de alegria e primavera, mesmo que o céu tenha despejado sol sobre as margens
Afinal de contas, não podia ser mais convencional o silêncio dos inocentes.
Se eu tivesse perguntado ao barbudo – mas não perguntei – o que ele achava de menos convencional na paisagem da manhã, talvez ele me tivesse respondido que é a forma como nós, portugueses, procuramos contribuir para o aquecimento global, uma atitude verdadeiramente irreverente em fim-de-semana de convenção do clima.

O presidente francês, o novo mago do clima, teria certamente reprovado o barbudo jamaicano, por aquilo que ele disse e por que aquilo que ele podia ter pensado.











segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Alma Oriental


A fila entupia a Almirante Reis e a partir dos Anjos torna-se indisfarçável a alma oriental do bairro.
Tantas vezes por ali passamos a correr e só hoje, no dia em que a fronteira se fechou numa fila compacta, nos relembrámos que Lisboa também é diversidade e que não se envergonha das raízes e dos confrontos com os comerciantes de todo o mundo, para além da boa esperança.
Na noite que invade o fim da tarde, eu diria o Martim se assemelhava a Shangai, Bombaim e Casablanca numa só praça. 
Voltámos a ver os carrinhos de mão apinhados de embrulhos, gente que negoceia para revenda, uma agitação que lembra as grandes babilónias do oriente  e se desvanece, sem aviso, para os lados da Praça da Figueira.

Embrenhados na Mouraria encontramos a Barbie, a heroína da noite, uma cadela que personifica todos os animais abandonados e que hoje saiu à rua, com um orgulho muito próprio de uma velha anciã relembrada em vida. 

Em exposição na Calçada de Santo André, 33


domingo, 15 de novembro de 2015

Grand Submarine Canyon


O mar está flat no canhão da Nazaré.
Na Celeste almoça-se o McNamara Menu (apenas os distraídos)
O empregado é um caráter (hesitei muito entre o bruto e o rude) enigmático.
Depois chega o McNamara, ele próprio e o filho, rodeado de uma fauna de surfistas de meia idade e suas sereias latinas e o peixe grelhado renasce do prato.
Mas não almoça.
Aposto que a Celeste patrocina o passeio diário do americano. 
Aguardando pela próxima onda de trinta metros.
Hoje o mar está flat e o Mc desceu à vila.
Lá fora, a menina do cartaz alugo apartamento continua numa roda viva, clientes que procuram lençóis limpinhos e uma cama no bairro dos pescadores.
Há quem não confie na web.
O mar está flat para lá do farol
Na praia do Norte!
E adoramos o mar, e os cheiros do pinhal, da neblina e do por do sol.
Até que a noite nos cubra 







sábado, 14 de novembro de 2015

Longa Vida...por exemplo para o camarada (M)mau(o)



Hoje, acompanhado pelo almoço solitário, entornava duas cervejas - a primeira foi retirada com um atraso comprometedor da mesa vazia, porque ninguém tem que saber o que o senhor está a beber - e dedilhava distraidamente em cima das redes sociais e logo confundi prestígio com presságio, sim, logo no primeiro post.
Presságio?
Logo de seguida, enquanto  me dividia entre a vida pessoal dos outros e o assunto de cidadania do momento, distraí-me a contar entre os que estavam de costas para o costa e os de frente para o coelho - acho que havia mais dos primeiros do que dos segundos e assim se escolhem os amigos - porque esperava a carne de porco oriunda do Alentejo e tropecei numa fotografia do hastear da bandeira russa no Reichstag, que afinal de contas era apenas um mal entendido duma qualquer juventude que confundia ruínas com libertação, mas permitiu-me conhecer o Capra Russo.
Mas a cidadania proliferava no livro da cara e, entre uns e outros, sobressaía a mulher de postura estranhamente institucional.
Os homens calam-se num jogo submerso e a mulher emerge entre o ciclone das instituições
Longa vida para a cannabis...foi a única frase que destoava da nova postura improvável de estadista de legitimidade conquistada pela força da argumentação.
A bem ver, surpreendente mas não proibido.
E recuei à infância - provavelmente pela fotografia a preto e branco - pelo tom dominante e pelo regresso às origens vintage.
Sim, quando eu tinha onze anos, a televisão era a preto e branco, não havia redes sociais para opinar silenciosamente e eram os homens barbudos que falavam alto - as mulheres nem tanto, mas o momento pareceu-me familiar, em que era absolutamente imprescindível ter e expressar opiniões extravagantes sobre tudo e nada.
Falar alto pode parecer ser uma forma nova de conquistar legitimidade
Mas, do que eu me lembro, juventude longínqua, não é (novo)!
Continuava, a bem ver, às voltas com prestígio e com o presságio 
No fundo, tem tudo a ver com o poder, até que desponte a soberania da maioria silenciosa.
Isto não passa do exercício do poder - ainda me repeti eu - não fosse o mundo ter mudado de forma abismal no quase meio século que nos separa dos barbudos de armas na mão. (esses hoje vivem noutras geografias e são bem menos idealistas que o nosso passado)
A malta ainda não entendeu que vivemos no melhor mundo dos mundos e que a chave da felicidade já não é a ideologia - longa vida para a direção que tu queiras - mas a forma como ocupamos o nosso espaço sem violentar o espaço dos outros.
Chama-se partilhar cidadania
Aí reencontrei a palavra prestígio e afugentei o presságio 
Bah! - e esvaziei mais uma cerveja porque o fim-de-semana promete muitas outras más notícias!

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Zaida (ou o mundo Agharta na serra de Sintra)




Há quem defenda por aqui que se trata de uma das vinte e uma entradas para o reino de Agharta.
Afinal de contas, a serra é oca, cheia de túneis, que todos julgam que se dirigem a lugar nenhum.
Também se diz, e parece que a verdade á absoluta, que quando Afonso Henriques conquistou o Castelo de Sintra, já todos os mouros tinham desaparecido e, segundo parece, foi pelos túneis que eles fugiram, não se sabe se para os mundos subterrâneos que se encaminham para o centro da terra, onde existem os Arquétipos da Humanidade, ou apenas para o mar, em fuga desordenada para Sul. 


Mas são evidentes, ainda hoje, ou outra vez hoje, os sinais de fuga desordenada e, juram os mais avisados, que se por ali passássemos em noites de temporal (ou também de lua cheia) nos cruzaríamos com o fantasma de Zaída tentando salvar o seu amor ou do mouro Zeilão, os únicos que ficaram a pairar neste mundo.



Há pois sinais de uma fuga desordenada, sejam lendas ou presente, nestas casas abandonadas ou invadidas pelas lendas, pelo verde da serra e pelo escuro da mata


Perseguidos pelos fantasmas numa noite de vendaval ou uma debanda em direção à terra da felicidade e da eterna luz, onde não existe sofrimento nem morte?
Jamais saberemos, por muitas horas que demoremos a percorrer estes pátios cercados de serra e floresta, por muitas imagens que retenhamos para memória e como recolha de provas.
Ontem estava Sol, e por isso o único vestígio de fantasmas que juro ter visto, foi um molho de telhas partidas abandonadas entre as ervas.
Eles dizem que não acreditam em fantasmas, mas depois de um dia inteiro na serra profunda não tenho dúvidas que lá que os há, há!