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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Mare Português

No nosso persistente estado de caos emocional (país, Nação e meio envolvente próximo) o mar português é uma reconfortante visão debruçada sobre o Mundo, um sinónimo de fluidez ( a revista Fast Company deste mês faz uma exortação panfletária da capacidade de sobreviver na ambiguidade, no caos e na incerteza - fluidity or generation flux).


As perspectivas são boas pois o fluido mar que quase nos cerca é o reflexo daquilo que nos caracteriza e como nos caracterizam - nem sempre com carinho, aliás - caos, imprevisibilidade, polivalência, paixão por causas (mesmo pelas apelidadas de perdidas) e capacidade (vontade) de comunicarmos, e nos fazermos entender, por culturas além mar.
E as exportações continuam a subir e o meu meio envolvente próximo volta a emigrar - todos os dias nos lançamos ao mundo sem medo, mar fora...
Se for verdade o que dizem...temos hipóteses!
Gosto desta perspectiva, porque nos é particularmente favorável, estimulante e reconfortante / belos adjectivos!
(Apesar das recaídas retóricas - causas perdidas? - sobre os direitos adquiridos e o acordo ortográfico)



Também ninguém disse que éramos perfeitos!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Mrs. Merkel, Madeira is not only cement... after all!


É verdade que temos a absurda cultura do cimento no nosso ADN das últimas décadas.
Demasiado pouco software para tanto hardware pesado...com tudo o que isso implica em competitividade engripada e em pieguices (PIADA POLITICA) em escala inversa à dimensão (pequena) do povo!
Mas também não vale a pena escarafunchar (o mais vernáculo politicamente correcto que me lembro)!

Tentando recuperar o orgulho nacional em extinção no Cabo S. Lourenço, Madeira dia 04 de Fevereiro de 2012 às 16 horas / uma pobre foto feita pelo meu nórdico (mas não fotográfico) NOKIA e as dezenas de caminhantes alemães não pareciam incomodados com esta visão esmagadora!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Svenska - Day 3


Da atmosfera exalava tons de azul entre a neve branca e o manto de noite que invadia a cidade.


Neste entardecer em Uppsala é o branco de filtros azulados que preenche as minhas recordações, agora tardias e distantes, uma cidade que ostenta um imponente castelo, que aponta os seus garbosos e (agora) inúteis canhões de chumbo à vizinha igreja Anglicana - uma divergência de protagonismo por resolver? -  que se afirma universitária nas bicicletas que não desistem de circular ao lusco-fusco, nos envergonhados trilhos de lama castanha.

Um ambiente de lojas de velas que cheiram a jasmim, pairava no ar urbano e afunilava-se no foco dos candeeiros de rua, fazendo-nos recordar as histórias do avô Natal com um sabor adocicado de chocolate quente.

Perfeita a magia de cidade pequena e recortada de neve entre o casario antigo e o preservado moinho de água, uma magia que não se derrete nas luzes discretas e quentes que espreitam por detrás das cuidadas janelas, molduras possíveis de pinturas de autor.

Apeteceu-me rebolar para fora do autocarro, enfiar os pés na neve, captar na minha objectiva de longa angular, os últimos raios desta cidade.

Mas estava agarrado pelo cinto de segurança da gente séria que me circunda, e não saí.

No regresso do precoce lusco fusco das quatro da tarde, experimentava uma sonolência entorpecida pelo choque térmico dentro do autocarro aquecido que rolava sobre a auto-estrada gelada, sem pressas e sem qualquer desconforto…

De repente senti uma louca saudade das nossas exuberantes áreas de serviço que povoam as nossas vias rápidas (quarenta em quarenta quilómetros) para a prosperidade adiada.

Não me lembrei que os espartanos nórdicos há muito decidiram que estes são luxos impensáveis numa sociedade organizada… e de auto-estradas gratuitas!

Mais uma oportunidade perdida para deixar de divagar, lusitano megalómano!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Svenska - Chapter 2


Socialmente até somos capazes de camuflar as diferenças, até porque a reconhecida e antiga solidariedade nórdica por todos os refugiados e oprimidos do mundo, miscigenou o povo e deixou descendentes.

Somos alienígenas com aparência humana perfeitamente integrada nos padrões nórdicos do século vinte e um, predominantemente louro é certo, mas convenientemente salpicado de latinidade e periferias diversas.

Mas no final daquele simpático e amistoso almoço partilhado em equipa, sentimo-nos absolutamente e descontroladamente antípodas: não lhes passou pela cabeça que não bebêssemos apenas água do jarro, que não degustássemos outra coisa que não uma lógica de mini prato em dias de festa…durante precisamente quarenta e cinco minutos (aliás anteriormente definidos como o que obviamente – e naturalmente - iria acontecer), com tudo incluído.

E voltou a não lhes passar pela cabeça que após a refeição vem o café. Mais uma vez de forma absolutamente natural, cordial e, em momentos, calorosa!

Mas também ninguém se lembrou de perguntar (nem os antípodas de pedir) porque esta forma de estar “ faça você mesmo aquilo que não faz sentido que alguém lhe faça” é cultural e endémica, como acreditar de forma verdadeiramente crente que o almoço não é um intervalo, mas apenas uma interrupção meramente fisiológica (aliás como outras).

“No more spare minutes’ MIND”

À noite, no luminoso conforto do aquecimento central, ou na profunda escuridão do frio cortante, as diferenças dissipam-se, desvanecem-se; até eles parecem alienígenas na sua própria terra e o nosso ar de pecado (estado de) em permanência dissolve-se nas gargalhadas do bar, nas minissaias que lhes alongam as pernas na pretensa primaveril noite sueca, no álcool e até (imaginem) no fumo (obviamente controlado e sempre destino às antecâmaras do frio).

Na (ir) racionalidade lusitana diríamos que se trata de um povo bipolar, mas ambos sabemos que se trata de um julgamento injusto, porque são eles que têm razão.