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sábado, 24 de julho de 2010

Menorca - a via alternativa



Menorca tem a dimensão apropriada para quem não tem uma ansiedade excessiva; gente que não transborda nunca para o nosso espaço vital, praias que fecham quando o parqueamento se esgota, cidades de dimensão e rosto com perfil humano, um campo que cheira a estrume, catorze mil quilómetros de muros de pedra, centenas de aldeias pré-históricas, uma civilização que vivia murada à beira-mar, nos montes quebra pernas e um mar de olhos verdes tão profundos que desassossega a alma de qualquer náufrago de terra firme!



Calas é um código de honra, com vontade própria e uns areais que nos destroem a iniciativa, aqui tão perto mas tão longe, que nos transtornam os sonhos de urbanos em baías de refúgio do Bom Selvagem, desnudadas de impressões digitais, impregnadas de paraíso, águas cálidas e pinheiros do Império Romano…quem disse que os romanos são loucos?



Calas é Menorca, razão que sobra para que acreditemos…grandes para quê?

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Os retiros dos Deuses efémeros





Não é pressuposto entender, racionalizar os ambientes inevitavelmente labirínticos destes santuários da contemporaneidade, que tanto nos prendem ao óbvio como a um fio eléctrico pendurado numa tela branca alvejada por três borrões de tinta, com uma raiva ou uma paixão desesperada.
Não se entende porque nem tudo o que é arte tem de parecer sério, empolgante ou erudito; falta a tradição histórica dos verdadeiros clássicos, das verdadeiras categorias da Arte, conceitos estéticos dissecados pelo pó dos especialistas museológicos, pela eternidade fatalística com que nos habituámos a identificar \ maltratar \ adorar, tudo o que remotamente rime com ar.
Instinto e desespero, elementos e tridimensional, ícones de uma história recente, tudo é contemporâneo, tudo é parte do nosso direito (dos humanos) à criação segundo referenciais tão pessoais que se podem transformar em unipessoais, unívocos, sem público, sem nexo, incompreensíveis…
O fascínio pelo não conforme nasce do derrube sistemático das fronteiras, não, não é possível ir para além deste absurdo…já foi!
É uma desobediência bem sucedida, significado académico de iniciativa, cheio de becos obscuros e avenidas de uma urbanidade cósmica…
Mas não sei porquê, não escapo a nenhum destes templos da experimentalidade; reduzo-me à minha insignificância sensorial, rio de mim próprio e da minha ignorância, ressuscito os ícones do século 20, compro postais de Erró, pins do Che Guevara, livros de fotocolagem dos artistas checos dos anos 30 e saio temporariamente renascido das cinzas.
Até que a racional e previsível rotina do quotidiano nos destrua as defesas mais uma vez…
Esta é a única desvantagem dos fabulosos museus de Arte Contemporânea; São templos de Deuses efémeros, carecem de uma constante alimentação de fé, até que um dia se perca a noção do tempo, do analítico e das fronteiras do bom senso.
Conversão total!