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domingo, 15 de novembro de 2015

Grand Submarine Canyon


O mar está flat no canhão da Nazaré.
Na Celeste almoça-se o McNamara Menu (apenas os distraídos)
O empregado é um caráter (hesitei muito entre o bruto e o rude) enigmático.
Depois chega o McNamara, ele próprio e o filho, rodeado de uma fauna de surfistas de meia idade e suas sereias latinas e o peixe grelhado renasce do prato.
Mas não almoça.
Aposto que a Celeste patrocina o passeio diário do americano. 
Aguardando pela próxima onda de trinta metros.
Hoje o mar está flat e o Mc desceu à vila.
Lá fora, a menina do cartaz alugo apartamento continua numa roda viva, clientes que procuram lençóis limpinhos e uma cama no bairro dos pescadores.
Há quem não confie na web.
O mar está flat para lá do farol
Na praia do Norte!
E adoramos o mar, e os cheiros do pinhal, da neblina e do por do sol.
Até que a noite nos cubra 







sábado, 14 de novembro de 2015

Longa Vida...por exemplo para o camarada (M)mau(o)



Hoje, acompanhado pelo almoço solitário, entornava duas cervejas - a primeira foi retirada com um atraso comprometedor da mesa vazia, porque ninguém tem que saber o que o senhor está a beber - e dedilhava distraidamente em cima das redes sociais e logo confundi prestígio com presságio, sim, logo no primeiro post.
Presságio?
Logo de seguida, enquanto  me dividia entre a vida pessoal dos outros e o assunto de cidadania do momento, distraí-me a contar entre os que estavam de costas para o costa e os de frente para o coelho - acho que havia mais dos primeiros do que dos segundos e assim se escolhem os amigos - porque esperava a carne de porco oriunda do Alentejo e tropecei numa fotografia do hastear da bandeira russa no Reichstag, que afinal de contas era apenas um mal entendido duma qualquer juventude que confundia ruínas com libertação, mas permitiu-me conhecer o Capra Russo.
Mas a cidadania proliferava no livro da cara e, entre uns e outros, sobressaía a mulher de postura estranhamente institucional.
Os homens calam-se num jogo submerso e a mulher emerge entre o ciclone das instituições
Longa vida para a cannabis...foi a única frase que destoava da nova postura improvável de estadista de legitimidade conquistada pela força da argumentação.
A bem ver, surpreendente mas não proibido.
E recuei à infância - provavelmente pela fotografia a preto e branco - pelo tom dominante e pelo regresso às origens vintage.
Sim, quando eu tinha onze anos, a televisão era a preto e branco, não havia redes sociais para opinar silenciosamente e eram os homens barbudos que falavam alto - as mulheres nem tanto, mas o momento pareceu-me familiar, em que era absolutamente imprescindível ter e expressar opiniões extravagantes sobre tudo e nada.
Falar alto pode parecer ser uma forma nova de conquistar legitimidade
Mas, do que eu me lembro, juventude longínqua, não é (novo)!
Continuava, a bem ver, às voltas com prestígio e com o presságio 
No fundo, tem tudo a ver com o poder, até que desponte a soberania da maioria silenciosa.
Isto não passa do exercício do poder - ainda me repeti eu - não fosse o mundo ter mudado de forma abismal no quase meio século que nos separa dos barbudos de armas na mão. (esses hoje vivem noutras geografias e são bem menos idealistas que o nosso passado)
A malta ainda não entendeu que vivemos no melhor mundo dos mundos e que a chave da felicidade já não é a ideologia - longa vida para a direção que tu queiras - mas a forma como ocupamos o nosso espaço sem violentar o espaço dos outros.
Chama-se partilhar cidadania
Aí reencontrei a palavra prestígio e afugentei o presságio 
Bah! - e esvaziei mais uma cerveja porque o fim-de-semana promete muitas outras más notícias!

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Zaida (ou o mundo Agharta na serra de Sintra)




Há quem defenda por aqui que se trata de uma das vinte e uma entradas para o reino de Agharta.
Afinal de contas, a serra é oca, cheia de túneis, que todos julgam que se dirigem a lugar nenhum.
Também se diz, e parece que a verdade á absoluta, que quando Afonso Henriques conquistou o Castelo de Sintra, já todos os mouros tinham desaparecido e, segundo parece, foi pelos túneis que eles fugiram, não se sabe se para os mundos subterrâneos que se encaminham para o centro da terra, onde existem os Arquétipos da Humanidade, ou apenas para o mar, em fuga desordenada para Sul. 


Mas são evidentes, ainda hoje, ou outra vez hoje, os sinais de fuga desordenada e, juram os mais avisados, que se por ali passássemos em noites de temporal (ou também de lua cheia) nos cruzaríamos com o fantasma de Zaída tentando salvar o seu amor ou do mouro Zeilão, os únicos que ficaram a pairar neste mundo.



Há pois sinais de uma fuga desordenada, sejam lendas ou presente, nestas casas abandonadas ou invadidas pelas lendas, pelo verde da serra e pelo escuro da mata


Perseguidos pelos fantasmas numa noite de vendaval ou uma debanda em direção à terra da felicidade e da eterna luz, onde não existe sofrimento nem morte?
Jamais saberemos, por muitas horas que demoremos a percorrer estes pátios cercados de serra e floresta, por muitas imagens que retenhamos para memória e como recolha de provas.
Ontem estava Sol, e por isso o único vestígio de fantasmas que juro ter visto, foi um molho de telhas partidas abandonadas entre as ervas.
Eles dizem que não acreditam em fantasmas, mas depois de um dia inteiro na serra profunda não tenho dúvidas que lá que os há, há!

sábado, 7 de novembro de 2015

Sensibilidade e uma vida interessante


Quando em 1667, Pedro o Grande, no alto dos seus quase dois metros viajou pela Europa, ávido de conhecimento, experimentou e rendeu-se à cerveja inglesa.
Nas décadas seguintes, os mestres cervejeiros aperfeiçoaram um tipo de cerveja com mais álcool, capaz de responder ao gosto russo pelas bebidas fortes.
Nasceu um novo estilo de cerveja, para deleite da aristocracia russa.
Mais à noite, o galerista explicava o sucesso de Martin Parr, pela sua vida interessante, pela sua cultura e especialmente pelo gosto, pela naturalidade e pela reverência com que fotografava as multidões, sem os ridicularizar, enchendo de humor as suas (deles) vidas humildes, rindo das suas (Martin) próprias memórias, com as quais se identificava e recordava com especial carinho.
Esta é, para o galerista, a natureza dos grandes mestres.
Um sensato conselho do galerista para os novos autores: bebam uns copos, leiam uns livros e vão ao cinema.
Basicamente, tornem-se mais interessantes.
Preocupado pela monotonia do quotidiano que nos consome, decidi acabar a noite no mercado de Campo de Ourique imaginando, tal como Pedro (o Grande) que, depois de umas cervejas, só com mais umas viagens à Europa, me poderia tornar um verdadeiro artista.
Mas este meu fascínio pela anunciada Europa decadente e perversa, retira-me elevadas probabilidades de reconhecimento em vida.

Afinal de contas, arte é, antes de mais, inconformismo...seja isso lá o que for.
Depois de dois copos de vinho rosé (e mais umas cervejas) comecei, esperançado, a ter visões!





When, in 1667, Peter the Great, in the top of his two meters high, traveled through Europe, avid of knowledge, tasted and and felt in love by English beer.
In the following decades, brew masters improved a more alcoolic type a beer, capable of satisfy Russian taste for strong drinks.
A new style of beer was born for delight of Russian aristocracy.
Late at night, the gallery owner explained Martin Parr's success, related to his interesting life, his culture and specially because we loved to photograph crowds, and he did it in a natural way, with respect, never looking for the ridiculous side of people, filling their humble life with sense of humor and, at the same time, laughing of Parr's own memories, with whose he felt recognized and remember with tenderness.
That is, for the gallery owner, master's nature.
A wise advice for new artists and for new photographers: have a few drinks, read some books and go to the cinema.
Basically, became interesting guys.
Worried with day to day monotony that melt our creativity, I decide to finish my evening in market's bodega, trying to imagine how, as Peter the Great, with a few more beers and several tours around Europe, I could transform myself in a true artist.
But my fascination for (the announced) decadent and pervert Europe, take me off real probabilities of recognition in life.
After all, art is, before everything else, non conformity...whatever it means .
After two glasses of rose wine (and more a couple a beers) I began, with loads of hope, to have visions






segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Ciência Política - Parte II

"Porque é que o senso comum se sobrepõe frequentemente ao conhecimento cientifico?"
Porque as pessoas se recusam a ver para além do óbvio, diria eu...

... insistem em ver o novo mundo através de dogmas antigos...

...sem testar novos prismas...

... pouco atentos ao reflexo das realidades impostas...

M. , eu sei que esta é uma semana difícil e hoje, ao contrário de ontem, as dúvidas já não são políticas, são sociológicas.
Mas não andas longe, se cruzares as perguntas de ontem com as respostas de hoje, porque o exercício do poder perpetua-se através do conhecimento científico de poucos aplicado (à custa do) ao senso comum - preconceito - da maioria de nós.
Mas a contemplação ajuda a aclarar as ideias...especialmente num dia de sol e de sombras verticais


Esta é (foi) a minha cadeira (ambicionada) do poder!

Ciência Política - Parte I

Política é poder, tem tudo a ver com a forma de o alcançar e de o manter, pela forma pacífica ou violenta.
Tem tudo a ver com as relações entre quem detém e exerce o poder, quem manda, e quem obedece.

...tem tudo a ver com...quem manda e quem obedece

E estuda a forma como a desobediência condiciona o exercício do poder

... como a desobediência condiciona o exercício...

Aprendi hoje que há vários tipos de poder, para além do político, mas só me lembro dela ter falado do poder económico...

... e logo me lembrei de arranha-céus e vidros refletores...

...ou dos símbolos do fast food internacional...

Enquanto me esforço por encurtar distâncias entre o Norte e o Sul, resvalando sobre o asfalto da A 17, os céus confrontam-se, entre os raios de Sol que alaranjam o céu azul, a Norte, e o cinzento carregado que vem de Sul.
E lembro-me do mesmo silêncio de ontem à tarde, aquele que antecede qualquer tempestade, um silêncio fresco, com cheiro e uma luz quase mística.
Rolando na autoestrada com o único objetivo de furar a tempestade, quase me esqueço que é a M. que, há uma hora, me tenta explicar os fundamentos da ciência politica.
Entendes?
...E que as últimas imagens, as que permanecem na minha memória,de ontem ao fim da tarde - aquele único momento em que o mundo parece ficar suspenso de si próprio por breves minutos - nada têm a ver com a introdução a um qualquer compêndio de economia política ( ou a qualquer outro novo presságio), mas apenas com um lanche de crianças no Mc´Donalds da Boavista.
Afinal de contas a diferença entre política e ciência política é a diferença entre "praxis" e conceitos.
Mal posso esperar pelo quarto texto de trabalho, acerca do distinto Maquievel.