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sábado, 26 de março de 2016

Texturas



A mulher jurava que o companheiro já há muito a queria ver de criança ao colo e desculpava-se perante os presentes de que não era um golpe
(e ninguém, entre a multidão distraída, lhe tinha perguntado algo)
Um homem praguejava impaciente por um pacote de tabaco que tardava
(e toda a gente o estava a ouvir e pensava, porque carga de água ele praguejava, mesmo tendo saltado por cima da fila)
A jovem elegante , circundava o seu utilitário, desconfiada que alguém retirara o ar de sustentação dos pneus e mordia o ar que a rodeava, com um olhar violento que aturdia os transeuntes.
( e eu que até a espiava de soslaio, desmontei-me do passeio e saltei ao largo)
O puto não se desmontou a tempo e despenhava-se do skate pelo túnel abaixo enquanto procurava impressionar a audiência
( e, felizmente para ele, só ela estava atenta e, por amor ou temor, não sorriu, sequer)
Nada disto alterou o curso da ultima meia hora da História.
Mas são detalhes relevantes da nossa existência, enquanto indivíduos, e há dias em que apetece alastrar os sentidos até patamares próximos da loucura. 
(entendida a loucura como a incapacidade de selecionar a absorção de estímulos exteriores)
Até sentirmos as texturas da vida quotidiana.
Preferencialmente coloridas por mensagens.
( que eu gostaria que fossem subliminares) 








quinta-feira, 24 de março de 2016

I took afternoon off


E de repente ele sentiu um vazio.
Imenso.
Enquanto o mundo explode em seu redor, em mais uma semana de lágrimas. Enquanto desfila no horizonte uma sequência de adrenalina invertida, em que o centro do mundo implode pela vontade dos anestesiados.
E ele perguntava ao mar.
Mas o oceano não respondia às suas inquietações.
As ondas eram lineares e previsíveis, o Sol brilhava ventoso, não havia murmúrios, nem lamentos, nem mesmo sussurros.
Apenas ele na areia, hesitante e para cá da fronteira do mar.
E ele decidiu que nada tinha a perder e lançou a linha ao mar, agarrou-se com firmeza à cana de pesca e desafiou as ondas.
E tudo passou a fazer sentido!
O  mar revelou-se em quatro tons, o azul escuro da profundidade, o azul claro das águas de segurança, dóceis e pouco profundas, o branco da espuma da ondas que traziam os peixes e as boas memórias, e o resto de água amarelada pelas areias que sobram das ondas, exatamente antes de invadirem a terra.
E tudo isto sem efeitos especiais.
A sombra é real e a mochila não constitui uma ameaça a ninguém.
Depois de uma tarde de folga, tudo readquiriu um sentido.
Nem sempre é bom ser o centro do mundo, há uma vida para além da loucura.
É assim uma espécie de nova esperança!
Vazio preenchido

terça-feira, 22 de março de 2016

domingo, 13 de março de 2016

Low Tide




Silêncio, é a primeira das associações que me prendem à maré baixa, que se sobrepõem à inquietação das gaivotas e de outros pássaros do rio e dos esgotos.
A segunda é a ansiedade, uma forma de antecipar que a seguir à bonança vem a tempestade, as ondas, o rio que galga as margens, o tempo que urge para voltar a terra, antes que as águas nos cerquem.
A última, que numa lógica popular deveria ser a primeira, é a de que a água já semeou a desolação e que agora se refugiou no mar em correntes de culpa, por ter descoberto os destroços que provocou.
O silêncio, esse, é o interlúdio repetido do ciclo das marés e é esse que me prende os olhos e os pés aos fundos lodosos.
E fico à espera que a orientação do Sol decida o que vem a seguir...

...numa manhã de fim-de-semana à beira do Douro



domingo, 6 de março de 2016

Behind Graffiti there is a view...back home...& last one is G Type









Time Out



Gosto quando ela me provoca...


...me deixa sinais nos locais mais improváveis...


... como que desafiasse...


...a revelar histórias que não era suposto contar...


...mas que afinal conta ...


... (afinal vai) desafiando o medo...


... apelando à criatividade...


... e ao senso incomum...


...revelando uma luz para além da escuridão...


...ou uma outra forma de a descobrir.


Gosto dos teus sinais e das histórias que me vais revelando na dança das sete colinas.


Gosto de ti, quando me provocas, Lisboa!