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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

WAY TO INDOCHINA #10 - Cambodja Dreams

 


O algo populista e o quase eterno partido de governo do partido do povo do Camboja, um partido que vai a eleições, distinta aliás a sorte dos países vizinhos, construiu um novo aeroporto em Siem Reap, os turistas que vêm à procura da magia da mística kmer precisam pois de um novo aeroporto. 
O aeroporto não vimos mas, nas imediações do mesmo, o ministro das obras públicas plantou uma visão ideal do seu Camboja, uma estrada de asfalto reluzente com riscos desenhados no centro e nas bermas, plantações intensivas de árvores devidamente calibradas, campos vedados para os animais não fugirem para a estrada., camponeses confusos sem saber como atravessar os animais em segurança através de tanto asfalto, um sonho idílico que termina alguns quilómetros a frente sem que a estada nova ligue a coisa alguma senão ao camboja, ao verdadeiro, sem riscos na estrada com uma vida feérica a saltar das bermas da estrada. 
O portal reluzente que inaugura e se despede da nova via do progresso - é verdade que provavelmente não muito útil porque apenas liga a visão política do país ao próprio país - deixa antever tratar se de mais uma obra vendida, construída e financiada pela República popular da China a pagar em muitos anos, pela fidelidade e amor do povo do Camboja. 
Apesar do nosso guia insistir na teoria da conspiração oriunda de Hanói, o dragão expele fogo de Pequim (e a sua cauda mergulha no Mekong, rumo a Sul) 
No último troço da estrada nacional 7 rumo à fronteira do Laos, a norte de Stung Treng, o asfalto desapareceu por completo em largos troços do trajeto, descontinuando abruptamente o tracejado amarelo do centro da via porque, por aqui, fronteira não é sinónimo nem de mercado único, nem rota da seda, é mesmo o fim do mundo, afinal de contas qual o cambojano que quer ir para o Laos.
Passamos por uma motorizada imersa no pó vermelho e o pai leva uma criança embrulhada em trapos, procurando protegê-la da incúria das autoridades e das enxurradas de uma mais impiedosa monção.
Mais ou menos cinquenta quilómetros, não muito mais que a nova e reluzente pista de Siem Reap. 
Nem sempre o povo pode esperar que o Estado ou o Rei proteja os seus filhos



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