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terça-feira, 10 de abril de 2012

Espanha é o melhor caminho para Miranda



Do Douro!
Miranda do Douro proclamou a independência…de Trás-os-Montes.
O GPS insistia em que o melhor caminho de Bragança a Miranda era por Espanha, mas eu continuava convencido que Trás-os-Montes era uma realidade apenas nossa, interior mas nossa.
Pois, em Bragança de quinta-feira de Páscoa, o castelo, os museus, o comércio, tudo tinha fechado ao meio-dia, para um profundo luto católico…um calendário que se intercepta com as recomendações do Borda de Água.
Agricultura, calendário das colheitas, religiosidade profunda e a bênção da meteorologia.
E as longas e sinuosas (mas largas e bem asfaltadas) estradas do Nordeste que nos envolviam pelas aldeias fora, no mesmo deserto de seres de toda a província, pareciam querer provar a teoria da unicidade de um povo que vive para além dos montes.
Mas…
Chegado ao enclave mirandês, baluarte com uma língua própria que julgava moribunda, rio profundo à entrada do Reino, percebemos que “ a nossa crise é a crise dos espanhóis”
Não havia silêncio nem paisagens bucólicas, só um mar de espanhóis e lojas abertas, uma cidade que se expandiu para além dos seus limites em ruas de uma modernidade duvidosa, forradas de lençóis e atoalhados, reduzindo a praça da catedral a um papel figurante na grande azáfama mercantil fronteiriça.
E o glorioso passado clerical e de uma nobreza guerreira contra os invasores vizinhos desvanece-se numa memória tão difusa que nem as martirizadas muralhas disfarçam.
Mira (anda) a montra de produtos portugueses debruçada sobre o Douro!
Miranda assume-se como um dos pontos mais orientais de Portugal (o local físico mais europeu, e vira a lógica da interioridade ao avesso)
“Nós somos diferentes de todos os outros!”
Reconheço que com um pouco de pena!
Numa coisa todos eles são transmontanos: sabem que a vida começa neles mesmo e pode terminar em quem os ajuda – mesmo que sejam espanhóis


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