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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Plaza de Mayo – Símbolos de uma pátria sofrida


Plaza de Mayo. A fronteira entre a boémia S.Telmo e as avenidas imperiais, a 9 de Julho – a mais larga avenida do mundo – o obelisco que se impõem como uma bandeira de pedra entre o palácio do Presidente e a praça do Congresso, símbolos do poder e (quiçá) do nacionalismo aceso.
Plaza de Mayo, símbolo das encruzilhadas históricas de um povo jovem.


Aqui desapareceu o fascínio revolucionário (ou fotogénico consoante a intensidade da boémia) pelo argentino, multinacional ibero-americano Che!
A Casa Rosada, ao fundo representa o farol do (fascínio pelo) poder, da força messiânica dos líderes do povo (descamisados, pobres e infelizes), dos militares absolutistas e opressores com sonhos imperiais que repõem uma ordem instalada (?), uma sucessão alucinante de extremos, que se intercalam periodicamente com os reinados de famílias com mística popular e o fascínio pelas mulheres de personalidade forte que se tornam poderosas e idolatradas
O clã Peron, os militares e as mulheres são os protagonistas da História da casa rosada, do farol da Plaza de Mayo e de um país.
Sangue, suor e lágrimas.
Eva discursando ao povo na janela da casa rosada.
Mas a Plaza de Mayo é também o palco dos equívocos, os absurdos, os contra-sensos e as encruzilhadas do nacionalismo excessivo (exacerbado?).
A mistificação das mães de Maio no auge da ditadura militar, que exibiam os sinais dos filhos desaparecidos (feitos desaparecer), opositores de um regime, que não tolerava protagonismos populares.
Cento e cinquenta mil pessoas que aplaudiram a invasão das Malvinas, em pleno período de declínio da ditadura militar de Vilela e …
Sem opinião nem preferência, apenas uma terra de fim de mundo e dois egos (nações) não negligenciáveis nem conciliáveis!
Manipulação, revolta, nacionalismo, mistificação e a voz do povo: tudo numa só Plaza e num só século.
A Plaza de Mayo parece, no entanto, querer continuar a alimentar-se (do sangue) da sua História.
A casa continua rosada, o obelisco (no alinhamento do da 9 de Julho) as grades que se confundem o trânsito de passeantes na praça (protegem as flores, o obelisco, ou os presentes e futuros manifestantes de vontade?), a circulação labiríntica do centro, os cartazes espalhados, presos nas grades, abandonados à presença de ninguém, como que a marcar lugar para a prioridade das causas a defender, ou apenas a publicitar.


A bandeira azul celeste, que inunda a praça procura apaziguar as mentes, e a catedral Metropolitana, que abre as portas sem distinções, eleva as almas dos chorados na Praça e relembra com deferência os Heróis da República.
Rua de Mayo, 875
O café Tortoni, referência de intelectuais e artistas, posiciona-se no eixo do poder, como a barricada da irreverência incontida e permanente á ousadia imperial dos governantes.
Rua de Mayo, entre a Plaza de Mayo e a dos Congressos.
Vigia para a casa rosada e para o intimidatório obelisco da avenida 9 de Julho.
Romance e o Tango.
Borges e Gardel: duas extremidades do quadrado estético de referência do passado recente de um povo jovem.
Tortoni, antiga tertúlia, hoje espaço de culto.


Os mundos diferentes de poesia e do poder; também é possível!
Grande café gelado com sabor a Rum; o mundo visto com outro sabor (cheiro, tacto ou sabor)
No Atheneo (a segunda livraria mais fascinante do mundo) voltamos a sentir a riqueza cultural de povo de intelectuais e artistas, abertura de espírito e alegria de viver!
Um teatro transformado em livraria.
Camarotes cheios de estantes, livros e diversidade!


A Praça de St. Martin, veste-se de árvores e de uma homenagem generosa ao herói nacional, no grande centro de comércio da cidade!
Um país de artistas e militares!
A Torre Britânica – uma anunciada bela vista da cidade e uma oferta do governo britânico em tempo de paz longínqua.
Em frente, do outro lado da avenida, na encosta sobranceira ao monumento ao herói nacional, foi erigido o memorial aos mortos argentinos na guerra das Malvinas.
Render da guarda do exército argentino, uma gigantesca bandeira azul celeste, um confronto permanente de olhares com o símbolo do inimigo britânico.
Momento simbólico intenso neste fim de tarde de calor em Buenos Aires!
Equívoco histórico, posicionamento estratégico ou combate de orgulhos?
Não sei, mas uma brisa de frio intenso cortou o Verão abrasador da cidade.
Real ou imaginária?

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