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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Cusco, Capital Imperial


Cusco é a capital inca que os espanhóis trituraram na capital das índias ocidentais.
Por mais que os movimentos incanistas prometam não prestar vassalagem à hispanidade, vão ter de esperar por um novo terramoto e que as reconstruções de 1650 e 1950 não aguentem o novo abalo de 2250.
Exercício difícil para um império que durou cerca de cem anos e que foi, antes do resto (e naturalmente que o resto é ainda muito), uma síntese das civilizações americanas anteriores.
Inca é, acima de tudo, o fascínio do desconhecido e do lendário…
E a ligação profunda à natureza que adoram e exploram e o (provável) mito urbano de que eram um povo que vivia para as coisas simples.
Para além de socialistas, também ecologistas.
O incanista José, mestiço, cantiflas e o novo avô cantigas, eriçou o seu fino bigode com a nossa discordância académica sobre os (pouco frequentes, é verdade) sacrifícios humanos de raparigas escolhidas aos deuses, nos vulcões gelados dos andes.
Bom, estamos na fronteira da imprecisão histórica – alguns povos residentes nos territórios incas, faziam-no, e a forma liberal como os incas tutelavam alguns territórios, sobretudo a sul, permite, hoje, a eles incanistas renegar a paternidade destes rituais, que mancharam a reputação dos Aztecas, reputados de bárbaros pelos descendentes dos Incas
Mais eriçado (agora de orgulho) só quando celebrou o terramoto como a desconstrução criativa do poder inca.
Cusco património da humanidade, é uma cidade peculiar, vibrante e mestiça. Mas o colonialista é conhecido e a sua predominância é clara.
Os espanhóis criaram uma cidade sobre Cusco tão imponente e grandiosa que não permitiu ninguém algum dia descobrir, por debaixo, os restos da geometria da cidade antiga.
Mais grandiosa que a original, tão imperativo era o desígnio da evangelização!
Na noite fria da explicada altura andina, o ar cortante que se respira entre ruas, praças ou travessas, é definitivamente colonial


Como o requinte e o bom gosto que não se escondem nas arcadas da praça, das três praças que redefiniram o urbanismo da cidade inca sagrada, onde cada templo, cada expectativa de palácio ou residência sacerdotal é hoje, meticulosamente calculado, uma igreja, um convento ou uma residência colonial pós Pizarro.
Olho por olho, templo por igreja!
Sagrada era e assim se pretendeu manter…
Mas os incas não são uma miragem: as dezenas de ruínas de templos e fortalezas que circundam a cidade, demonstram que eles existiram e tinham talentos inatos e uma espiritualidade intensa.
Subjugados, dedicaram-se a pintar e a esculpir uma visão andina da arte sacra europeia.
A (as três) catedral (is) de cusco pavoneia-se de um interior de uma riqueza forrada de ouro, prata, madeiras preciosas e pedra mármore como nenhuma catedral espanhola, mas sempre com um toque artístico andino…
É certamente a única catedral do mundo em que a magnífica tela da última ceia de cristo, serve porquinho-da-índia – um petisco absolutamente peruano – como repasto principal
A vontade espanhola de apagar os vestígios dos ídolos pagãos e a submissa vontade de vingança dos incas, criaram algo de muito singular, rico e esplendoroso.
Cusco, espanha por cima, incas nas entranhas!



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