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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Oeste Menor I – Bhuda Eden



Budas, pagodes, jardins japoneses e dragões espalham – se ao longo de um vale primorosamente relvado, numa revelação Oriental do benfeitor, em terras saloias do Oeste.
Integrado numa quinta vinícola de planícies e encostas soalheiras, o parque revela-se nas suas traseiras como a última extravagância do benfeitor, ainda com as acções em alta.
Chegar à Quinta dos Loridos pela manhã cedo é uma experiência desconcertante porque falta o roteiro, uma contextualização histórica e geográfica ou uma harmonia narrativa, apesar das explicações no site oficial.

“O Buddha Éden Garden é um espaço com cerca de 35 hectares, idealizado e concebido pelo Comendador José Berardo, em resposta à destruição dos Budas Gigantes de Bamyan, que foi, um dos maiores atos de barbárie cultural, apagando da memória obras-primas, do período tardio da Arte de Gandhara.
Em 2001, profundamente chocado com a atitude do Governo Talibã, que destruiu, intencionalmente, monumentos únicos do Património da Humanidade, o Comendador Berardo deu início, a mais um, dos seus sonhos, a construção deste extenso jardim oriental. Prestando, de certo modo, homenagem aos colossais Budas esculpidos na rocha do vale de Bamyan, no centro do Afeganistão, e que durante séculos foram referências culturais e espirituais.”

E a paz reina, de facto, nesta manhã cinzenta de meio de semana, sem visitantes de monta, em torno do lago espelhado, do verde dos campos e de uma enorme quantidade de estátuas que pretendem sintetizar todas as geografias de um Oriente milenar num espaço contíguo e alcançável pela vista humana.


Desconcertante o esforço de síntese do benfeitor porque, se a legião de guerreiros (de terracota?) evadidos da sua cova, perfilados na encosta perante o lago e o pavilhão (chinês / japonês) são uma alegoria rica em cores e em interpretações livres, nos sentimos incapazes de integrar o significado dos Budas que rodeiam a paisagem, o lago, o pavilhão chinês, e os guerreiros de terracota, para além de outras interpretações de arte moderna ocidental que ocupam os espaços livres de vista privilegiada.
Desconcertante e de valor artístico (por vezes) limitado. É verdade!
Mas algumas das peças de arte contemporânea que começam e imergir entre as obras que ainda não terminaram em novas zonas do parque realçam o esplendor do parque e da relva.
Apenas não sabemos porque estão ali!
Esta Ásia de miniatura que, cada vez mais, se aproxima do Ocidente contemporâneo é provavelmente um local de união de culturas – independentemente de detalhes como a coerência expositiva ou do contexto –
Rodeados de vinhas e sobreiros, nesta experiência de elevado teor psíquico, celestial e de reflexão interior (não fossem as moscas que nos atacavam, vindas dos campos agrícolas em redor) que promete um dia vir a ser um espaço de Land Art com assinatura.

Assim os guerreiros de terracota permitam!


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