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domingo, 30 de dezembro de 2012

Ano XII, Milénio II DC. – As personalidades europeias do ano


                                                                  In Guimarães - Capital Europeia da Cultura 2012

Faz (mais ou menos) 365 dias que o o-mago-havel  morreu, uma referência intelectual superior da nova Europa, o nosso Pai Natal da esperança europeia.
Havel era uma reconfortante combinação de pragmatismo reconciliador e de um idealismo federalista quase juvenil, uma brisa fresca mas suave que vinha de Leste
A Leste tudo de novo!
Um apóstolo na fronteira oriental, na Europa em que crescemos, feita de ideais comuns após guerra, algo intangível que nos ligava a uma ocidentalidade contida, primeiro por uma invisível cortina ideológica, depois pelos Urais.
Foi há pouco mais de 365 dias que ele quase chegava a 2012
O nacionalismo exacerbado que, mesmo envergonhadamente, se dissemina em egoísmos próprios e mesquinhos pelo continente, curiosamente a partir de leste, demasiado pouco tempo depois da queda do muro deixa-nos tristes que a partida de Havel não tenha deixado descendência visível.
Há quem repita que faltam Homens de ideais na Europa confusa!
Mas não na fronteira Norte.
As fronteiras do ano XII levaram-me a uma improvável dupla de encontros bilaterais com a mãe nórdica, princípio e fim do ano.
longa-noite-gelada-da-monarquia-nordica  em cinco de Janeiro e um de Dezembro nas sombras-de-um-inverno-nordico. 
Estocolmo e Copenhaga, uma orgulhosa Europa do norte e do gelo, sempre acima de qualquer alinhamento desnecessário, um registo constante de respeito por regras claras de conduta e de convivência em sociedade que se sobrepõe, numa surpreendente e duradoura frugalidade de alto teor estético, à ausência quase absoluta de cultos de personalidade
Olaf Palme terá sido o último dos dinossauros da divisão Nórdica do viveiro dos idealistas (ou dos cultos de personalidade) e aqui não se sente a Europa confusa…
Nacionalismos à parte, não fosse o deplorável episódio norueguês, o o-taxista-que-veio-do-frio-teerao. é a melhor prova (se há provas irrefutáveis do que quer que seja) de que uma certa cultura elitista europeia ainda pode ser um farol civilizacional.
Apesar de não terem conquistado a América (segundo consta, chegaram lá mas não voltaram, engolidos sabe-se lá porquê?), novas investigações arqueológicas revelam-nos, aliás, facetas vikings muito mais sofisticadas do que se imaginava!
Não fossem os seus os-seis-pecados-mortais-latino.
Na fronteira Sul do continente, volta-galileu-seras-estas-perdoado , porque é tempo de voltares a insistir que o Sol não gira à volta da Terra, mas receio por ti, porque os acólitos do Papa Berlusconi podem, desta vez acender a fogueira inquisitória, e não te deixar morrer de velhice, na miséria mas de velhice
Sobram os absurdos cultos de personalidade a Sul e não há dúvidas que faltam Homens de ideais na Europa confusa!
Enquanto procuro desesperadamente penetrar na bola de cristal que contém, segundo a lenda, o elixir sagrado da cultura ocidental, legado de uma Antiguidade plena de códigos e cultura humanista (entre outras barbaridades), conformo-me com a nossa reputação de perigosos anarquistas que nós somos, adoradores do culto marialva “se tu consegues ser absurdamente irresponsável eu consigo mais, pior e mais longe”, e converto-me à pureza do português anónimo, persistente e com mau feitio
o-taxista-que-gostava-de-jazz. e rio-de-onor-o-silencio-dos. ... sobreviventes , relembram-nos que nos alimentamos da antimatéria, longe dos dogmas e da fanfarronice da velha senhora (Europa), e são as amostras de país real que, se os deixassem, até podiam ser personalidades!

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