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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Plaza Lezana – As Boca (s) do Inferno


O papagaio sussurra palavras de amor genuíno, pendurado numa árvore de vistas amplas, rodeado de família que se enrola no tronco inatingível da árvore referencial da Lezana.


As cúpulas da ortodoxa (i) a igreja complicam uma vez mais os referenciais latinos, na fronteira entre o berço italiano e espanhol, jardim de terra vermelha, os canhões deitados por terra em palácio vulgarizado em museu, uma placa outrora eventualmente monumental, reclama a fundação da cidade e dezenas de nomes vagamente conquistadores, mar del plata, tantos quilómetros rio acima, mar fora.


Mas o marco está lá, jardim decrépito quão baste (será das raízes, dos vasos rachados?), as poucas barracas de uma feira anunciada, gente que não reclama das origens, mas refresca o ar com uma leveza, digna de ser.
O velhote das barbas brancas vende umas chinelas de pele!
O jardim permanece silencioso, solene e obviamente decrépito, abandonado com um certo desdém aristocrático, de quem afinal reclama ser a origem da cidade.
O jardim sim, reclama!
As gentes não, nem pensam nisso!
O velhote destila (gosto à brava da palavra destilar, por isso repito) paciência!
Os cães de raça que se passeiam como os verdadeiros donos do parque (e não os donos!) delimitam o seu espaço e a sua origem. Afinal há quem reclame as origens; sim, os cães de raça que rechaçam os rafeiros para o bairro de Boca, para lá da fronteira, do popular sem grandes limites.
Domingo de manhã, Verão abafador do Sul, na origem de Buenos Aires – seria um take promissor
Mas a entrada na Defensa, empurra-nos para um presente mais frenético e afasta-nos de Boca.
Um velho e triste olhar descobre a nossa curiosidade do outro lado da rua.
Ele espreita na mesa encostada à janela escancarada do velhinho bar Britânico!
Será que é a hora dele perscrutar?


Não ouso perguntar!
Roubo-lhe uma foto (ele sabia que lha ia roubar e prendeu-me o olhar…sem pestanejar) e escapo-me entre as calçadas de pedra de lastro (dos navios) e as sombras do envergonhado, culpa não…mas preparado para o pestanejar mais rápido do Oeste, até levemente bélico.
As referências continuam fluidas, é afinal a essência das culturas que são origem e destino!
Afirmativo!

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