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terça-feira, 6 de dezembro de 2016

A negação (da apologia) do Não


Era uma vez uma história de um menino rebelde e despreocupado que só conhecia a palavra não. 
Mas era um menino muito afirmativo, na forma eloquente como respondia sempre não às perguntas dos outros meninos.
Pronto, dos meninos mais velhos a quem nos habituámos de chamar de adultos.
E o entusiasmo de dizer não era tão grande que, por vezes, dizia que não ao próprio não.
Os meninos mais velhos, que associavam esta rebeldia a má educação e à vida fácil que habituaram os meninos mais novos, desesperavam e chegaram a ponderar medidas mais drásticas.
Sei lá...nem eles sabiam, porque o menino mais novo parecia uma avalanche de neve a deslizar pela montanha em direção àquela aldeia tão organizada e tão limpinha, cinco ruas na direção norte sul, três ruas na direção leste oeste, casas de madeira escura e janelas repletas de flores vermelhas, brancas e amarelas
Como se a Heidi estivesse a atacar o avôzinho com uma faca de cozinha


 Ah,esqueci-me de contar que, nos últimos tempos, as minhas noites têm sido povoadas por sonhos bizarros e, imaginem, têm sido tanto mais bizarros quanto familiares me parecem.
Ontem sonhei com um edifício em construção,numa nesga de terreno impróprio e escarpado, com um quintal para o supermercado e sem apelativos comerciais de maior, dei de caras com o pai Natal, um barbudo esgrouviado que vestia a lingerie do(a)s outro(a)s  e tinha uma fortíssimo sotaque italiano.
(o sotaque é a parte mais importante da história) 
E o prédio tosco, mas esforçado, ganhou uma vida nova.
Acho que acordei com suores frios e nos pobres e  nos inocentes dos lençóis, não sentia qualquer relevo que permitisse distinguir o momento em que o despertador tocara.
E, tal como nas outras manhãs, ontem guardei toda a sequência fresca e coerente na minha cabeça, tão coerente que coincidiu com a notícia de abertura do noticiário das oito da manhã.
Dei por mim a pensar se não seria melhor começar a fazer as perguntas ao contrário.
Talvez resulte
Os especialistas chamam-lhe psicologia invertida
Outros chamariam uma mudança de perspetiva



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