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sábado, 10 de maio de 2014

O relicário de Jerusalém




Vestígios da cidade sagrada de Jerusalém
É o ponto comum!
São exemplos mágicos e presentes do espírito de Idade Média
Tal como o imaginamos nas folhas usadas dos compêndios escolares
Época das Trevas e das crenças absolutas em mitos, revelações e vontades divinas.
Avassaladora afirmação do destino bíblico que impõe aos Homens a vontade de submissão ao Além.
Tão diferente do espírito do resto da cidade, burguesa, empreendedora, orgulhosa e exibicionista.
Conventual, porventura de vistas curtas porque as janelas são pequenas, de um românico virado para dentro, que provoca sombras profundas no seu interior.
Mas mágico, porque finalmente parece termos regressado ao mundo tosco, grosseiro e quase grotesco dos domínios senhoriais do clero e da nobreza que pululavam fora dos castelos e dos templos
A imagem do Nome da Rosa prevalece nítida nos refúgios de Jeruzalemkerk e da Heilig Bloed Basiliek.
Afinal ainda existe espírito da Idade Média na cidade dos mercadores
O templo cristão de Jeruzalemkerk pertence aos descendentes de Adornes, uma família de abastados mercadores genoveses.
Em 1470, ao regressarem de uma peregrinação a Jerusalém, dois membros da família solicitaram e adquiriram uma autorização papal para construir uma réplica da Igreja de Santo Sepulcro em Jerusalém
Daí a sensação de entrarmos numa relíquia, desconcertante o altar esculpido com caveiras e demónios e um túnel com um modelo de Cristo deitado, em tamanho natural.

Heilig Bloed Basiliek.
Aqui, decorações de cores vivas rodeiam um pináculo de prata de 1611 que abriga um pequeno frasco de vidro que se diz conter gotas de sangue e água retiradas de Cristo por José de Atimateias.
Foi trazido de Jerusalém em 1150 por um cruzado flamengo, Diederik da Alsácia.
Olhamos sem crença mas com um mui juvenil embevecimento lúdico para o suposto pedaço de tecido banhado de sangue de cristo, e para o altar construído para o efeito, e para a velhinha que segura na ampola com um ar cerimonioso e quase pateta.
Um euro e meio e tocámos com o olhar no sangue de cristo
Relembrando Jerusalém e as três cruzes na réplica da Igreja de Santo Sepulcro, levanta-se uma dúvida juvenil e irrequieta: “ E se o sangue provém de uma cruz trocada?”
Na velha capela românica, voltam as sombras e a interioridade reforçada palas pequenas janelas e os longos espaços de escuridão.
Convenci-me com estas duas relíquias, que me encontrava em pleno processo de regressão (recordei-me de histórias das minhas vidas passadas)



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