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sábado, 18 de janeiro de 2014

Monsieur Le Marquis






No quarteirão do Marquês destila-se o Inverno em tons amarelo e castanho.
E verde.
Os sons do silêncio são corrompidos pelo tresloucado autotanque dos bombeiros que curva em duas rodas, entre os palácios do marquês, olhos esbugalhados de capacete triangular, um estridente sentido de urgência em direção a uma nova tragédia, para lá da marginal.
Ruído do silêncio interrompido!
E a seguir volta a chuva nos intervalos de um Sol intermitente.
Nova interrupção do silêncio, mas esta foi a última.
Circulando o verde ninguém mais se arrisca a abraçar a natureza nesta manhã de aguaceiros sobre a zona histórica de Oeiras.
A igreja toca o sino, mas não há murmúrios de fiéis
O Palácio do Egito (?) anuncia o último dia de exposição de um pintor moderadamente famoso, mas respiro sozinho na imensa sala deste palacete frio e confuso com a falta de coerência da cronologia do artista.
Como em quarenta anos a mente humana se pode transformar num tão grande borrão surrealista!
Preferimos a escola naturalista da Flandres, no burgo do marquês, quiçá indiferente à cultura e às tendências da pintura do Norte da Europa (para além dos Alpes, entenda-se)


Na ilha do marquês (sim é apenas um quarteirão e tal entre a selva urbana) em dia de luz meio mortiça, podemos fazer um exercício aproximado, entre castanhos, amarelos e verdes, de pintura realista de tons outonais.
E rosa.
Flandres portanto.
Na ilha do Marquês, nos jardins de Oeiras que, sem transeuntes, até quase se consegue transformar a paisagem num universo intemporal!


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