Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Catedrais inacabadas



Houve um tempo em que a Península respirava a diversidade própria das encruzilhadas de grandes civilizações, das placas tectónicas que permitiram a gestação e crescimento dos alicerces da História do Mediterrâneo.  
A diversidade alimentava-se da incerteza, da equivalência de poderes, das origens comuns, das permanências seculares e da grande terra que a todos albergava.
Construíam-se muralhas e aldeamentos fortificados, montavam-se e desmontavam-se acampamentos, como se ninguém tivesse ainda a certeza de quais eram os seus territórios, por inerência
Extremadura teve o seu momento de centralidade na disputa que foi a reconquista cristã.
(Ou na conquista islâmica)
(Ou na colonização romana)
Difícil de entender quem eram os inimigos, se os Almohades se os reinos cristãos vizinhos
Impossível era perceber quem eram os nativos e quem eram os invasores, quais as influências dominantes, o que era absorvido, adaptado ou motivo de guerra.
Afinal de contas a narrativa histórica só encontra buracos negros no período dos Visigodos.
Leão e Castela, e esporadicamente o Condado Portucalense, o poder do Califado e aqueles que nunca foram poder reinante, mas que sempre registam presença como a terceira alternativa nas disputas entre cristãos e os muçulmanos.
Os judeus, claro.
“Afinal de contas eram todos primos” – conclui o historiador castelhano
A Península nunca nesse tempo fora inquestionavelmente cristã, transpirava mestiçagem e comuns sentimentos de pertença.
E de partilha de conhecimento e de experiências diversas, desde Fez até à Extremadura
O XII ainda foi um século de Renascimento nas fronteiras do Mediterrâneo.
Entre o adormecimento das velhas dinastias Berberes e a irreverência dos jovens reinos cristãos  
Com a limpeza étnica e a estabilização dos territórios, a Extremadura passou a viver das memórias
E a exportar insaciáveis conquistadores barbudos que fugiam do marasmo e da monotonia para o indefeso Além-Mar

Do triunfo dos elementos e das purgas dos reis católicos



Sem comentários:

Enviar um comentário