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domingo, 15 de outubro de 2017

Turbulências



É o nome de uma exposição composta por obras do espólio de arte contemporrânea do (ainda) catalão La Caixa.
E esta informação é muito relevante quando afloramos o tema.
A coleção de arte contemporênea “La Caixa” é muito explícita na forma de olhar e compreender o mundo que nos rodeia.
Comprometida, como a inteligência costuma rotular.
E, aqui sem discussão, com uma linguagem polvilhada de olhares latino-americanos “escavando nas suas profundidades temporais, a fim de distinguir as suas luzes e sombras”.
A exposição é, por isso, um mar de instalações, video e fotografia que se desafiam mutuamente em uma critica social nada subliminar.
Carlos Garaicoa desafia-nos (confronta-nos) com as operações populistas do poder e usa apenas lupas e selos.
Lupas para nos lembrar que a política se faz de mediatismo, da meticulosa exploração de uma infinidade de lugares comuns e meias verdades perigosas que, devidamente compostos e ampliados, se tornam em razões de estado.
Selos para afirmar a sua paixão pela posteridade e pela lembrança, não do que fizeram, mas da forma como se apresentaram.
Afinal de contas, a tradicional subserviência do conteúdo sob a forma.
O primeiro exemplar desta passadeira de vaidades (e único original) é o selo comemorativo dos quarenta anos de Adolf Hitler, devidamente ampliado por uma lupa armada sobre um tripé.
Depois alinham-se as criações do artista, revelando as personalidades de uma atualidade que preenche a informação no século vinte e um.
Não há povo nos selos, apenas culto de personalidade.
Despidas da lupa, todas estas personagens se revelam insignificantes.
Até um pouco repugnantes.
Em nenhuma fase deste percurso pela política contemporânea, perscrutei quaisquer sinais de procura de felicidade humana
Muito visual e educativa.
E o título também.

Foi pena eu e a visita acompanhada, termos sido os únicos visitantes da tarde.


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