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quarta-feira, 21 de maio de 2025
domingo, 18 de maio de 2025
William de Stirling
Combateu os ingleses e venceu-os na batalha de Stirling, numa altura em que os diversos pretendentes ao trono disputavam um vazio de descendência na monarquia escocesa.
Braveheart foi imortalizado no cinema e Mel Gibson representa o herói improvável, o filho de um cavaleiro que derrota os ingleses em defesa da pátria mas que perde uma batalha posterior no ano seguinte e é executado pelos ingleses em 1305, demonstrando que uma liderança heróica sem estatuto social, não era suficiente para defender uma irreverência nacionalista.
Há uma espécie de vertigem revolucionária que emerge da alma escocesa , de tempos a tempos, da profundidade glaciar dos lagos das terras altas, não é apenas mais uma visão do monstro de Loch Ness, que é o mesmo Nessie, mas o dos dias escuros e chuvosos.
No castelo de Stirling viveram-se provavelmente algumas das batalhas e dos cercos mais épicos da sua história intermitente, e foi testemunha de grandes dramas da história e de cenas de violência em que o vilão nem sempre era o óbvio opositor do monarca vigente.
Dr Jekil e Mr Hyde, as contradições de um povo que pode demonstrar grande paixão especialmente quando se fala de religião ou realeza
A verdadeira casa de um povo de personalidade bipolar, exibe com orgulho nas paredes do palácio construído pelos Stuart’ dentro do castelo, um unicórnio pintado no gigante tapete do salão do rei, o símbolo nacional que é tão real como os diversos monstros que habitam o fundo dos seus magníficos lagos.
E eles sabem que o unicórnio é o único animal capaz de derrotar o altivo leão inglês.
Pelo menos, quando estes se encontram do lado de fora da muralha, o que também nunca foi óbvio nas dezasseis vezes que este castelo foi situado.
domingo, 11 de maio de 2025
Os mágicos do iluminismo
A milha real é a história da Escócia esculpida na pedra vulcânica, tão solene e séria que, em momento algum, nos permite duvidar que as bruxas, os mágicos e os feiticeiros também são personagens da história das terras altas, uma excentricidade que nenhum outro pedaço de mundo pode reivindicar.
Também não deixa de ser apenas uma rua que se acomoda no comprido planalto que liga o castelo medieval ao futurista parlamento da nação,
Mas não é apenas uma rua, é um elogio de basalto e orgulho aos símbolos do iluminismo escocês, o século de todas as excentricidades e dos grandes pensadores como Hume e Smith, enquanto a nova monarquia constitucional destruía os Jacobitas, os últimos vestígios das famílias feudais das terras altas, os heróis romanceados de herança dos povos da Escócia. Afinal de contas, uma raça de dinossauros que precisavam de ser extintos, em prol do triunfo das reformas.
Mas sempre que as corujas (ou seriam os mochos?) se atrevem a voar, descendo a Victoria Street, sobre as suas fachadas berrantes e nas costas dos transeuntes que acreditam que a magia é um estado de crença maior e que, basta respirar o ar de quem imaginou esta terra despojada de tempo, para esquecermos os episódios sangrentos da história da Escócia e atravessarmos um portal colorido de recordações felizes a bordo do expresso de Hogwarts.
As encostas da milha real são assim, em contraponto da solenidade hiper-realista do planalto, uma terra despojada do tempo, um presente de todas as escolas de magia que se alojam na nossa mente e, nem mesmo o cemitério de Greyfriar, que deveria ser solene por definição, se consegue libertar dos apelidos dos mortais que a autora retirou da linha do tempo e as letras de relevo desenhadas nas lápides que já não se realçam do verde da relva fresca, (certamente por culpa do encardido do tempo) esfumam-se a cada referência involuntária que fazemos ao olho-tonto moody ou à professora das transfigurações e jamais por aquele que não ser nomeado.
Nas encostas da milha real os casais fazem juras de amor eterno e trocam anéis de noivado em troca de memórias de uma magia comum, e das promessas de feitiços que a vida comum lhes trará, indiferentes aos milhares de artefactos expostas nas montras, que todos garantiam serem os genuínos e certificados pela saga, porque no mundo do fantástico não há interpretações definitivas sobre a veracidade dos factos.
Entre o mocho de olhos esbugalhados que voava sobre o Castelo (afinal era mesmo um mocho!), os belicosos Jacobinos desterrados para os castelos em ruinas das terras altas, e a posse petrificada de Adam Smith a guardar as memórias da milha dourada, escolhi a mão invisível e as vantagens do comércio internacional, uma verdade, afinal, que já tem três séculos e moldou a maior parte da nossa vida e das nossas escolhas.
Podia ter escolhido o Valdemor ou o Highlander, mas eu sempre preferi os finais felizes.
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