Fomos sempre instigados a ver a
História de Portugal de Norte para Sul, a nos identificarmos com os cristãos do
Norte da Europa, Visigodos e outros bárbaros que, com armas na mão, se
transformavam em bárbaros cruzados.
Foram os fundadores de Portugal,
é um facto, mas este facto resulta de uma insurreição do filho contra a mãe, atitude
de uma cristandade duvidosa, mas afirmação plena de como estes nobres medievais
eram brutos.
Os árabes do Sul (e, vá lá, do
leste) eram mais evoluídos na agricultura, nas formas de captação das águas, na
medicina, navegação, matemática e astronomia, geografia.
E deram a conhecer o fabrico de
papel e a pólvora!
E os barbudos proto cristãos nem
entendiam esta sofisticação na sua rudeza tribal!
A História longa revela-nos, aliás, que sempre
aprendemos mais com os invasores – e uns séculos mais tarde com os invadidos -
do que com a essência genética do lusitano
Primeiro refugiados nas montanhas
em tribos, depois vestidos de armaduras vistosas encarregaram-se de conquistar
território e enterrar os espojos da guerra entre igrejas e castelos.
Os outros eram mouros, apesar dos
diversos períodos de convivência pacífica entre cristãos e mouros e as
dificuldades crescentes em separá-los da sua terra ibérica.
Curiosidades históricas revelam
que muitos dos mouriscos expulsos do Sul de Espanha foram engrossar as legiões
de conquistadores espanhóis na América do Sul.
Depois de conhecer as maravilhas
árabes do Sul da Península, começo a suspeitar que todos perderam com o recuo
mouro para o além Mediterrâneo: eles e nós, lusitano-moçárabes de ascendência
celta!
No cimo das mais modestas
muralhas de Silves, capital árabe dos Algarves, contemplamos o longo vale do
Arade, serpenteado por uma agricultura resistente e concluímos que a herança
árabe não abandonou os arrabaldes da sua capital; e não deixo de pensar que
foram as reminiscências árabes que nos transformaram em navegadores.
É uma visão romanesca da História
de Portugal, construída de Sul para Norte ou (se quiserem tornear o latente,
mas evidente, confronto com a versão europeísta e oficial do nosso passado) a
História de um país construído com a influência dos invasores (derrotados, é um
facto) vindos de leste. (e assim não esquecemos os engenheiros romanos)
No final de contas todos os
invasores acabam, mais tarde ou mais cedo, derrotados.
No outro extremo da Europa, pela
mesma altura em que os Árabes eram expulsos da Ibéria, os persas invadiam
Constantinopla, capital remediada do evoluído Império Romano, e transformavam
as fantásticas igrejas de um pagão império tardiamente convertido a Cristo, em
mesquitas
E demoraram séculos a perceber
que a cidade já tinha águas canalizadas há séculos!
É histórico o desprezo dos
guerreiros pelos empreendedores!
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