“A nudez é sempre crua”.
Como o mito, a mulher fatal, a
feminilidade agressiva, o mundo das sereias, as ruivas, o refinamento sensível
e a morbidez das figuras.
Gustav Klimt viveu numa Viena de
cenários intensos e novas ideias, fim de século e fim de ciclo, naquele preciso
momento em que a vida e as coisas se evaporaram dos palácios da dinastia e
saltaram para a rua.
“ O artista traz uma nova perceção
do espírito humano, um estilo pictórico e decorativo que vai influenciar o art
nouveau. As suas obras são caraterizadas pelo simbolismo e dialogam com a arte
japonesa e africana, tendo resultado numa pintura peculiar e muito própria.”
Este é o retrato do artista e a
antecipação de uma era nova, em que os secessionistas foram o combustível do
colapso do velho mundo e de uma nova sensibilidade para o nascer da nova
cultura europeia.
E Klimt, e Schiele escolheram o
nu frontal, o olhar evocativo das mulheres como figuras centrais, a sedução e o
prazer, como os símbolos de um futuro promissor.
“ Nós sabemos que o tempo de
liberdade iminente, vai criar um enorme conflito entre as tendências materialísticas
da nossa civilização e as reminiscências da cultura nobre que esta cultura
mercantil ainda não assimilou.”
Falar de Viena e omitir Klimt e
Schiele é admitir que a cidade ficou presa ao século XIX e é manter o estado de
negação de que a Áustria se transformou numa república.
Morreram em 1918, ano em que a
guerra acabou e em que o império colapsou, como que o seu único objetivo fosse
mudar a história e depois deixar o futuro invadir o palco sem intrusos nem
memórias da transição do passado.
O mestre e o jovem génio que
adorava trocar desenhos com ele.
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