Na longa passadeira de madeira sobre as dunas, o vento de levante assobia de ocidente e, com a sorte a bafejar-nos pelas costas, afasta os mosquitos para a lagoa que, de longe, parece tão artificial quanto o campo de golf que a rodeia e a selva de blocos de apartamentos castanhos, que se confundem com a terra barrenta, é um facto – parecem construídos de barro vermelho - não fossem as milhares de palmeiras que infestam o local, porque não crescem nem nada, e se o areal fosse um deserto e os blocos de apartamentos, castelos árabes, então diríamos ter chegado a um oásis no Sahara; um pequeno erro de navegação e um mar apenas que os separa.
Mas eis senão que, aqueles pontos
brancos ao longe, de pernas longas e patas na água lamacenta, se transformam em
flamingos e, pelo seu aspeto, não foram ali plantados por aqueles que
suicidaram as palmeiras, vindas de um qualquer oásis de viveiro (visionário ou
louco? Visionário não certamente!)
Há mesmo flamingos de verdade na
lagoa dos Salgados!
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