Sete quilómetros e meio separam Noudar da civilização
do alcatrão.
Um castelo que já foi porta estandartes da mais
antiga das fronteiras da Europa.
Debruçado sobre o rio e sobre os espanhóis.
Despovoou-se há trezentos anos, até ao abandono.
Extinção voluntária.
Suicídio controlado.
Não havia mais espanhóis para combater e tornou-se
num enclave sem identidade suficiente.
Demasiado dentro da imensidão de Castela, demasiado
fora do retângulo com o qual nos habituámos a associar a Lusitânia, demasiado
longe das rotas que transportam o Norte para a fronteira Sul do Império.
Sete quilómetros e meio de picada, oliveiras,
sobreiros e gado indolente.
Uma paisagem em pousio, uma poesia a verde e
castanho.
Uma escuridão que cerca o lugar, coberta de um manto
de estrelas que se deslumbram com este lugar nenhum.
“ A chave do castelo? Emprestámos ao jardineiro e
ainda não o conseguimos encontrar”
Daí a importância da placa artesanal que aponta a
entrada.
Silêncio, poeira e calor.
Para lá do rio, afinal já nem há espanhóis.
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