Infinite Mix, imagens e sons contemporâneos, são uma audaciosa experiência que nos remete para a profundidade de histórias tumultuosas e de tensões culturais. Misturam noções de história e pura ficção e expandem de forma ambiciosa a forma como percecionamos as imagens e os sons.
Sim, é isso tudo e a grande novidade do mês na
cidade.
Infinite Mix questiona também os limites do
expectável.
É um circuito audiovisual montado pela moderna e vanguardista
Hayward Gallery num espaço absolutamente improvável.
180 Strand é um edifício de escritórios inacabado, no
centro financeiro de Londres e, por isso, difícil de imaginar vazio, inacabado,
com cimento à mostra e pilares em bruto.
Difícil de imaginar tomado de assalto pela vanguarda artística
de uma cidade que se quer disruptiva.
Ainda mais improvável é a receção, tomada por uma
velhinha em estado bruto que nos orienta na entrada, que nos empurra escada
acima e, uma hora depois, nos aparece outra vez na garagem do imóvel a
oferecer-nos uns óculos de três dimensões porque, na cave do 180 Strand, há um
filme de três dimensões que envolve uma noite escura, árvores que abanam
ferozmente sem que pareça haver vento e uma nave espacial com holofotes
intensos.
Se não lhe tivesse tocado com as mãos juraria que era
um holograma da Nanny Mcphee.
Quando saímos dos dez escuros filmes que se arrumavam
em salas de negro que povoavam os extensos e desertos corredores de cimento, e
devolvemos os óculos à Nanny, quase tropecei nas intactas caixas técnicas que
preenchiam o chão de forma simétrica e, procurando exorcizar os demónios que
pairavam no ar, fiz uns trejeitos de Jack Nicholson e senti-me mais ou menos
dentro do assustador Shinning.
Por tudo isto Infinite Mix é um momento quase
arrebatador.
E decidimos construir o nosso conceito de fim-de-semana,
a mistura do infinito, à procura do improvável nos locais mais mediáticos da
cidade.
Sábado à tarde, atraindo o disfuncional para dentro
dos ícones da capital.
Afirmar pela imagem que todos os locais mediáticos
vivem à custa da outra face da moeda, uma coroa vulgar, até suburbana.
E realçar o secundário e o vulgar que faz viver o
glamour.
Há doidos para tudo, mas a culpa foi deste curto-circuito
de imagem e som.
Esta é a minha visão.
Em breve, o lado B, a outra face da moeda, a visão do G.
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