(No roteiro dos lugares esquecidos ou à descoberta dos
grandes espaços do interior)
Há lugares assim.
Esquecidos dos roteiros da
memória coletiva.
Lugares indissociáveis de
qualquer referência histórica ou acontecimento relevante.
Lugares sem pronúncia.
Tão esquecidos que não conhecem o
sabor da pastelaria em horas mortas (e também nas outras) e onde só o sabor do
café nos mantém ligados ao território dos vivos.
Tão alienados que baixam os olhos
(desconfiança ou temor) e, soturnos, não ousam enfrentar as expressões curiosas
dos forasteiros ou os passos furtivos dos salteadores fugazes.
Nos confortes da aldeia, ainda
pairam as memórias de amores discretos de uma nobreza já defunta, odores de
fumo espesso e aromático, sons de festas distantes que se impregnavam de
vaidade e poder nos veludos e nas carpetes dos espaços de uma vivência quase
feudal.
Nos castelos à beira da barragem,
nas pontes de madeira desmembradas pelo peso de um tempo passado, sente-se a
intromissão do espaço público pelos domínios privados, relembrada pela ermida
do monte, que insiste em acender as velas pelos defuntos da aldeia.
Hoje, sente-se o silêncio da
orfandade perante a partida dos senhores da aldeia, apenas fugazmente
perturbado pelo apetite dos caçadores de tesouros que, por ali assomam, quando
as árvores dão a pele, o corpo e, amiúde, a alma.
No acenar de olhos do casal idoso
que enfrenta a estrada num pequeno trator, no abanar agitado de cabeça “do
ganzado da terra”.
Em nenhures, onde o Alentejo e o
Ribatejo vivem de costas voltadas.
P.S Sim, é verdade que há lamas
no Ribatejo
Sem comentários:
Enviar um comentário