“Give
me a dollar or I’ll vote for Trump”
A cidade veste-se de sinais inequívocos. Não há local
mais hostil que a grande metrópole.
Os mendigos alinham a mensagem com os artesãos, os
sacerdotes rezam preces e invadem os ares de mensagens bíblicas, os resistentes
colam cartazes e expressam uma indignação tão leviana quanto a boémia permite,
os grafitters pintam imagens de anticristo e a cidade inclui o homem no
folclore das novas manifestações de arte de vanguarda
Nova York está para a América, como Londres está para
Inglaterra: gostam do mundo, tendem a lidar com os absurdos com arte e humor,
respondem ao extremismo com vanguarda e subestimam o improvável.
Nem mesmo o cabeçudo que agitava a desproporcionada
cabeça de plástico em frente ao edifício de mármore de uma ostentação, agora
soberana e eleitoral, consegue gerar mais do que breves sorrisos dos
transeuntes indiferentes ou dos polícias acidentais que discutem retórica com
uma mão no ombro dele e outra de olho no trânsito.
Sem sirenes, nem jatos de água.
Na quinta avenida, numa sexta-feira de calor sufocante,
a aguardar uma trovoada que o céu de chumbo anuncia, e que os residentes
esperam, traga água.
E, se no final do dia, ninguém lhes der um dólar,
sequer?
É que à grande maçã, nem sequer lhe é reconhecida, o
estatuto de capital de estado.
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