Hindustan Times, 23 de Janeiro, Edição Agra
Primeira página
“On January 18, Rohith Vemula, a scholar of the
Hyderabad Central University, who was a Dalit, a significant detail, hanged
himself in a hostel room. In a few days he would have turned 27”
“Tension gripped parts of Jalaun district in Uttar Pradesh after locals
found what seemed to be body parts of about 100 cows on Friday, the Hindustan
Times newspaper reported quoting police and officials.
Cows, whose slaughter
is banned in the state, are an electioneering code word and a rallying cry for
both Hindu nationalists and their opponents across India”
“Indian authorities arrested four young ISIS
militants in New Delhi, accused of planning massive attacks on Republic Day
(January 26), which commemorates the implementation of the Indian constitution
in 1950 and the day in 1930 when the Indian National Congress declared
independence from the United Kingdom.
A militia group
known as Hindu Swabhiman claims that it has 15,000 fighters ready to combat
ISIS, reported the Times of India earlier this
month.
If it does not
take on ISIS now, the militia reportedly says it fears the jihadist group will occupy
Indian territory by 2020.”
Um suicídio, um massacre e uma
ameaça terrorista.
Três notícias, aparentemente
desconexas, faziam a capa do Hindustan Times de 23 de Janeiro.
No entanto, o suicida era um
estudante universitário Dalit, os intocáveis “sem casta que foram criados a
partir da poeira em que Deus pisou”,
As vítimas do massacre eram os
animais sagrados, cem animais mortos num país em que, pelo menos, oitenta e
três por cento da população os venera.
A ameaça terrorista provém da
maior comunidade muçulmana minoritária do mundo.
As três, aparentemente desconexas
notícias do dia, falavam de castas e oportunidades, de vacas sagradas, de
religião e intolerância
Há sete anos atrás, em Bangalore,
explicaram-me que, quando falamos do povo indiano, alguns factos revelam, dimensão,
diversidade e tradição; civilização antiga, uma demografia exuberante (palavras
minhas) e uma dicotomia religiosa, com origens históricas, de maioria hindu e
de uma imensa minoria muçulmana.
Explicaram-me também que vinte e
cinco por cento da população é iletrada e mais de quatrocentos milhões de pessoas
têm menos de vinte e um anos.
E quando pretendemos entender a força de trabalho
indiana (portanto o povo) não nos podemos esquecer que a cultura indiana é
fortemente influenciada pelas relações sociais, a natureza das relações com o
ambiente que os rodeia e entre eles (ligadas a um sistema de castas), mas
igualmente por uma forte convicção do destino, que proporciona às pessoas o
conforto com o que têm e com o que não têm, e olham para isto como parte das
suas crenças hindus.
Trindade Hindu fala em Criação,
Preservação e Destruição e suporta-se na ideia de que tudo na vida é dualismo,
e que só existe criação, se houver destruição.
A notícia de Rohith
Vemula é
uma história de destino, justificado no seu bilhete de despedida com razões
interiores “gap between my soul and my body”.
Não fosse o discurso do primeiro-ministro quando, dias
depois do sucedido, numa cerimónia de entrega de diplomas na Universidade
Ambedkar, lamentou o sucedido e pediu aos estudantes que se lembrassem do
exemplo do Dr. Ambedkar que acreditava que as lutas podem ser ultrapassadas com
a educação, e que ele ultrapassou muitos obstáculos, e mesmo insultos, mas que
teve força para ultrapassar esses obstáculos.
“ Ambedkar não viveu para si próprio. Ele alcançou
tudo e, mesmo assim, dedicou a sua vida à nação e aos marginalizados”
É obviamente importante referir que Ambedkar, foi o
primeiro Ministro da Justiça da república, o grande defensor dos intocáveis e
que terá desafiado os Dolit a abandonar o Hinduísmo que os escravizava e a
converter-se ao Budismo.
Diz-se.
Mas Ambedkar morreu em 1956, e atualmente o Budismo
está em extinção na India.
As outras notícias não são
histórias de destino, são vestígios de uma diversidade explosiva ou de uma
História mal resolvida.
De jornal debaixo do braço, nesta
manhã de pesada neblina, mantinha todos os meus sentidos alerta; procurava
tornar esta equação resolúvel, ouvia a história do príncipe Mughal que pagou
milhões por uma pedra falsa, respondendo à rapariga que não, não seria um mau príncipe,
porque os milhões que ele estava disposto a pagar iriam comprar os trinta e
dois diamantes que via, sempre que ela sorria, e ainda espreitava por cima das
muralhas do forte vermelho, na esperança de ser o primeiro a ver o Taj.
Mas o Taj não se descobriu e eu
desisti de querer explicar a História e a Natureza dos povos.
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