Domingo em Pisac é dia de feira.
Tal como em todo o vale.
Logo de manhã, enquanto o
petrificado e pindérico puma colérico procura lançar o pânico no povo (sem
qualquer efeito aliás, o velhote mumificado que se sentava à sua sombra que o
diga, ele era o espelho do tédio) …
O povo invade as ruas e as
estradas, vestido num arco iris de roupa e chapéus (sim, chapéus surreais,
cartolas e de coco com umas abas de acrescento, um erro lamentável de um
empresário, certamente de origem espanhola).
A procissão que desfila através
das janelas do nosso combie de luxo, monta as bancas em todas as praças e ruas,
aquece os fornos de assar o pão, espeta os porquinhos-da-Índia sobre as brasas
improvisadas de um qualquer lugar, um repasto que se confirmará como a última
ceia dos guerreiros feirantes…
Como foi afinal a última ceia de Cristo,
segundo artista andino desconhecido, elevado à imortalidade nas paredes da
catedral de Cusco.
Seja qual for a ocasião ou o
pretexto, o baby pig é que se lixa!
A nova Pisac do vale (distante da
inca perdiz – em quéchua, sinónimo de pisac) atrai também outros espécimenes
mais alternativos, aquela raça de europeus encardidos que sempre renascem
(intemporais) das cinzas qual JC, direitos ao passado de ganza e das drogas alucinogénias,
e que deambulam por todos os jardins floridos ou quintais que evoquem (mesmo
que remotamente) um título de sagrado.
Tudo se compra e se vende em
Pisac, numa gigante feira, uma exposição universal do mundo peruano em formato Perú
dos pequeninos, onde deixamos de entender se o objetivo final é comercial ou
antropológico.
A mesma diversidade de cores e
feitios, um bazar dos antigos ali, ou em qualquer pisac do mundo!
A antiga Pisac das montanhas
abruptas, permanece silenciosa nos cumes que cercam o sagrado vale, relembrando
os nossos contemporâneos que as verdadeiras razões para se permanecer nas
alturas podem ser intemporais… porque a história é longa, e repete-se!
Ruínas sábias!
Dilúvio no vale e no rio, a terra
tremente, soldados espanhóis a rebolar ao contrário da corrente do rio e os
restos da civilização inca, arrastados pela corrente abaixo.
Sinais da História e da Natureza!
Em dias maus, é melhor deixar o
verdejante vale entregue à cultura das batatas e outros vegetais.
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