Para o açoriano oriental não há
mosquitos que não se possam resumir a piolhos que pululam, lá longe, na ilha
rival…
Rival?
Lapas dos Açores ou da Madeira?
As dos Açores são melhores!
Pois!
As petingas do mar açoriano ainda
não têm medidas mínimas comunitárias e, por economia e conforto, se devoram sem
temor pelas espinhas morfologicamente compatível com os humanos.
Em S. Miguel respira-se beleza em
estado puro, quase selvagem não fossem os canteiros primorosamente aparados, os
miradouros recortados pela relva que nasce da chuva e as hortênsias plantadas pelos
jardineiros do Éden.
É um intervalo, a Atlântida entre a América e
a Europa (duas faces da mesma centralidade), as tempestades e o silêncio dos
pastos, as lagoas e o mar enrolado, tão inatingível que chega a cansar.
É a última fronteira de(o)
paraíso, à deriva nos elementos do atlântico, os ventos que empurram as
correntes, fustigam as encostas da avenida marginal e se deixam acariciar pela
paisagem que renasce do temporal medonho qual Génesis, numa manhã inundada de
cores de Outono.
Entre as rochas negras um
solitário, louco e amador surfista desafia as ondas e perde sistematicamente o
desafio com o branco da espuma, que renasce a cada meia dúzia de segundos, do
azul do mar
Mas confia na fé imensa, refletida
no rochedo que, sob a forma de um mosteiro, enquadra a imagem de fundo imenso.
Mosteiros, ilha de Miguel
Se as vacas estão deitadas, então
vai chover!
As quatro estações do ano no
mesmo dia cansam as vacas dos Açores
Deita, levanta, deita e levanta!
O açoriano oriental, ao volante
da nave do paraíso ri de prazer genuíno.
Mitos urbanos não resistem a
estas visões do verde reconfortante da terra e do azul profundo do mar!
E ao silêncio, e à intocada
inacessibilidade do lugar!
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