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domingo, 1 de dezembro de 2024

Vila Katharina

 


Katharina foi a irresistível filha de um tecelão de Brasov que se tornou na adorada amante do conde Vlad Drácula, uma história de amor que durou mais de vinte anos.
Consta que teria sido revelado um coração de pedra, sob a porta da igreja negra, uma oferta de Vlad Tepes a Katharina que se transformou no mais grandioso símbolo de Brasov.
Antes do irlandês ter publicado, muitos séculos depois, o seu livro, que se tornou na obra-prima da literatura gótica do terror, o conde Vlad III, príncipe da Valáquia foi uma personagem histórica do imaginário romeno.
O irlandês Stoker nunca conheceu Katharina, nem se procurou assegurar do rigor histórico - e mesmo do seu registo dental - da vida do Conde e a sua história de amor iria certamente desapontar os milhões de fãs do conde vampiro.
Consta, de facto, que Vlad Tepes tinha o hábito de matar criminosos e otomanos através do empalamento, mas a fama internacional que detém de assassino sádico não é partilhada pelos romenos que o lembram como um símbolo de coragem e bravura pela forma como lutou contra o império otomano.
E nem o castelo de Bran, o suposto castelo do Drácula, terá alguma vez sido residência ou poiso de Vlad, pelo que parece que o irlandês imaginou uma história, um personagem e procurou um local que desse consistência ao mito.
O castelo de Bran continua a vender-se bem, mas a experiência tende a ser desapontante, especialmente para quem conhece as contradições da história.
E assim se destrói a reputação de um homem.
E, apesar do taxista blue de tesla, vestido de uns óculos que lhe aumentavam as órbitas, e  de um rosto que lhe acentuada as funções de mocho, como um protagonista de uma fita que a poeira já tinha varrido do tempo, se lamentar que nem a fama do Drácula, os romenos conseguem explorar  convenientemente, eu percebo as hesitações , porque afinal de contas quais romenos, que fama e que memória  querem eles  lembrar?
Na praça da unidade de Brasov - todas as cidades da Roménia têm uma praça da unidade - bem perto da rua Schei, onde vivia Katharina, as crianças brincam à volta da estátua do soldado defensor da nova grande pátria, os velhotes aquecem-se no sol do meio do dia, e na igreja de São Nicolau a mulher oferece doces ao sacerdote.
A essência do povo romeno havia de preferir uma história de amor com final feliz




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