South Bank, junto do
olho de Londres é um terraço com vista para a cidade histórica.
South Bank foi a primeira
revolução na conservadora capital do império com data de nascimento nos anos
sessenta, firme constituição física de betão e formas retas, sem adornos
vitorianos nem reluzentes brasões de uma orgulhosa e extravagante monarquia.
Convenientemente localizado na
margem sul, com o rio a proteger a verdadeira cidade destas modernistas
fantasias arquitetónicas, agora gloriosamente apelidadas, entre muitas outras
coisas de revivalismo vintage (curioso que hoje, vintage representa tudo o que
tem mais de trinta anos)
Só o pato permanece imóvel para uma foto triunfal com o Big
Ben ao fundo porque tudo o resto é um palco multicultural que desfila entre
salas de espetáculos e exposições temporárias; mais do que temporárias toda a arte
de rua (e muitas das construções contemporâneas) é (são) efémera (s)
O olho de Londres revira as órbitas continuamente à procura
da posição ideal, entre a programada efemeridade e a prometida glória eterna!
E depois, na milha absolutamente experimental
da margem sul em vésperas de Páscoa, tudo se passeia e se mistura, barracas de
comes com um cheiro a fritos tão feirante como outra feira qualquer, putos de
skate em riste por entre obstáculos de um cinzento arredondado, esplanadas de
tecnologia sem fios, crianças de balão ao alto em carrosséis de madeira, bolas
de sabão que envolvem as pontes e as barcaças do rio castanho, a momentos verde
carregado, todos â espera do concerto, após uma digestão de arte contemporânea,
ou a correr a verdadeira milha de Londres debaixo dos seus pés, do Parlamento à
Torre de Londres, sempre inatingíveis (porque os rio nos separa da cidade que
viveu a faceta gloriosa da História) mas tão perto que toca a nossa vista
Vidro, betão e os armazéns que
alimentavam a velha metrópole, de mercados fervilhantes e energia elétrica,
agora a grande turbina da arte de vanguarda que se perfilha, com o Millennium
pelo meio, na simetria da catedral de Paulo, das princesas e dos reis de
encantar.
À medida que a margem se embrenha
no leste, os túneis tornam-se mais sombrios, e as cavernas de fantasmas e
estripadores pululam nos becos, como verdadeiros parques de diversão negra e as
margens enchem-se de relíquias trágico-marítimas que atravessam os séculos até
aos sinais vivos da nova fúria construtora dos britânicos, em busca da torre de
vidro perfeita.
È esta mistura fina que
transforma a margem sul na milha mais excitante cidade, tão perto mas tão
longe, invulgar e moderna, com vista desafogada e sem cumplicidades com as
glórias da História do Reino.
Na sombra da Shard!
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