Esmagados pelas pedras e pelo
calor.
O calor absurdo evapora as
poeiras milenares que povoam as ruínas e faz desvanecer o azul do céu e, apesar
das multidões fumegantes e famintas de triunfos e vestígios dos Imperadores,
dos guerreiros, dos gladiadores, o cortejo triunfal deu lugar ao caminho das
pedras no Fórum Imperial e nas antecâmaras deste estádio da antiguidade.
O esqueleto do Coliseu clama por
justiça (sim, dois mil anos de pé, apesar dos saques bárbaros e dos
aproveitamentos católicos) porque a barbárie e a violência não diminuem a
virtualidade da engenharia romana.
Apesar do elevado teor
sanguinário deste local – a areia absorvia o sangue na arena – consta que não
se mataram cristãos por aqui (afinal já havia mitos urbanos na Antiguidade).
Mas as setenta e cinco mil almas
que aqui se sentavam, desfrutavam de atividades lúdicas de teor selvático
elevado, devidamente ratificadas por todos os poderes imperiais.
Alienação das massas?
Quando já não havia gladiadores
ou escravos e o Império já tomara o veneno que liquidaria de vez a cidade, os
restos de poder organizavam combates entre animais selvagens, tendo conduzido à
quase extinção de algumas espécies – é o que se diz!
Manter as massas entretidas com
sangue, mesmo que as novas crenças dispensem o sacrifício humano!
As reproduções virtuais da cidade
imperial revelam um estádio avassalador
Encostamos os ouvidos aos arcos,
aos templos e ao fórum procurando escutar murmúrios (que sejam) de triunfos e
glórias, de uma cidade vibrante de um milhão de almas que conheciam os segredos
da água, mas só ouvimos cigarras e uma lengalenga de contadores de histórias a
multidões ofegantes e crédulas, mas com uma grande dificuldade em compreender o
todo!
Uma forma diferente de sentir a
fábula!
Perguntamos à nossa alma dual (a
inteligência racional) como se deu a ascensão e a queda do império mais óbvio
do mundo.
Cento e cinquenta anos, foi o
tempo suficiente para transformar o reino do céu na terra, num campo de pasto
para vacas e menos de vinte mil almas residentes.
590 D.C.,
A superioridade rendida às trevas
e à barbárie dos básicos do Norte.
Nem sempre triunfam os mais
fortes
A única resposta da alma dual que
refrescava as interrogações sem pudor numa fonte de água gelada, assombrada
pelo Templo de Rómulo.
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