A troupe do futebol chegou, hordas de hunos multiculturais invadiram a cidade, as cidades e, sem pudor nem desconforto, pairam uns minutos sobre o modo de vida de um povo e exasperam-se pela completa inabilidade de comunicarem com as línguas ocidentais.
O cirílico é uma barreira
monumental que a pressa da prole não permite transpor
Lviv era, até há quinze dias
atrás, um obscuro ponto no mapa, para lá da fronteira dos confins da Polónia.
Apesar de ser património
cultural da UNESCO, e da multiculturalidade dominante na arquitetura intocável por
guerras que apenas a cercaram, mais de cem igrejas, uma predominância católica
dentro das fronteiras ortodoxas do continente, um passado muito polaco – ora Lvov,
ora Lviv – uma muito presente herança austro-húngara no centro da cidade, mais um
daqueles locais que já foi centro da civilização europeia
A multiplicidade de heranças,
de potências ocupantes, de esperanças nacionalistas, de impérios destroçados.
Para o bem e para o mal!
Mesmo assim, completamente
obscuro.
Também é verdade que a
História do século vinte, varreu alguma dessa diversidade das ruas da cidade.
E talvez tenha trocado
diversidade por uma identidade – muito multicultural pode ser confundido por
falta de personalidade.
Assim pensavam os sovietes, e
hoje isso vê-se em Lviv.
Mesmo assim…
As hordas de seres bizarros
planam sobre esta descoberta de forma tão alienígena que são os locais que fotografam
os turistas de forma frenética, nas ombreiras das portas, velhinhas que sorriem
de tonteira, da delas e dos outros (nós)!
É o único sítio do mundo em
que nós, alienígenas, somos tratados como tal.
Pura curiosidade ou
reminiscência dos ficheiros secretos?
Eles sabem que somos pássaros
andantes, não é assim que se penetra na alma e no corpo ucraniano(a).
Eles sabem que não chega para
que os estrangeiros possam dizer algo coerente
Mesmo assim… o obscurantismo
desvaneceu-se um pouco (Como será depois da troupe partir, para além do
aeroporto novo e das estradas esburacadas?)
Afinal de contas viemos só ver
a bola!
Mesmo assim…ficámos curiosos.
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