O calor de Junho embrulha-nos
numa vaga de agitação positiva, criatividade e vontade de afirmação de uma
identidade própria
O Euro 2012 e a carta do puto que
quer ser médico ou biólogo mas só fica em Portugal se valer a pena.
Publicidade de bom gosto, que nos
comove até pelo menos à décima vez que a ouvimos.
Os elogios á Capital entendem-se
nas noites longas e sinuosas das colinas históricas de Lisboa, uma onda de música
ao vivo, esplanadas que se atropelam de faunas glocais, entre a caipira e a
sardinha assada, os sumos de fruta e os charros de fumo e álcool.
O arraial acelera até às quatro
da manhã, cais do Sodré abraçado ao rio e ninguém esmorece (perde a excitação)
nos murais explícitos dos novos bares da antiga má fama, agora liberdade de
expressão.
A manhã à beira do rio não
adormece de indolência por mais do que breves instantes, as garrafas que rolam
nas bermas das ruas não chegam a partir, porque os atletas de uma corrida
qualquer já rolam nas alamedas do azul, céu e rio e os putos trepam pelos
insufláveis do verde dos jardins...
Os elogios da cidade prolongam-se
pelos autocarros pejados de turistas de uma Europa ainda radiante
À tarde, pela noite dentro,
milhares deliram e deambulam pelos relvados da música, e lançam-se nos prazeres
do arraial, das borlas dos sponsors, das barracas de comes, cadeirões insufláveis,
preservativos, turismo do brasil, rua do rock e um palco a jorrar rock para
cada ouvido.
É a geração rock in rio
A cidade do rock, da mística, dos
eventos e da vida boémia
Em Junho a cidade transforma-se
em cascatas de otimismo
O que pode a mudança de
calendário fazer pela nossa moral!
A cidade do rock e do rio
No Sábado à tarde, a moral vacila
Ficamos a saber que a via láctea não
é eterna e está em rota de colisão coma andrómeda.
Daqui a dois mil milhões de anos,
é verdade.
Mas a sensação de eternidade
desapareceu.
Para quem acredita na
reincarnação é um facto importante.
Desconfortável, sermos assim
confrontados pela ciência com o efémero.
E a manhã de sol transformou-se
numa tarde de inverno e neblina chuvosa.
E a seleção perdeu!
Valha-nos a onda de camaleão que nos trespassa sempre
que o calendário avança!
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