Nada na manhã precoce do táxi
acelerado condizia com o som que exalava das entranhas deste publico veículo de
transporte personalizado.
Oito e cinco da manhã na curva da
Sá da Bandeira, à saída do Teatro, escurecido e estilizado hotel sem palco, e
um teatro de revista que não acorda do espetáculo da noite tardia.
Entre as curvas da rua, a
Brasileira sorri detrás da majestosa fachada tolerante (pela idade e pelo
estatuto) diante da imagem cinemática do mercedes, um milhão de quilómetros
mínimo, coração ao alto mas cansado, que atacou a curva debaixo em duas rodas
(um pouco de exagero de fita de animação) e encarquilhou a alcatifa de asfalto
(o efeito é mais parecido com um levantar de ondinhas) com uma atlética
travagem (eu juraria que a traseira levantou, outra vez duas rodas)
Sim, nada previa a harmonia do
som de jazz e swing que se desembaraçava a cada solavanco da empedrada calçada
do Sá da Bandeira, coração de leão da cidade.
Um bafo de tabaco entranhado e
tardio espirrou pelas portas recém- abertas!
Um clube noturno sobre rodas que
ainda não reabrira de um estonteante noite de swing?
Hot club do Porto em corrida
contra os seus fantasmas, angra de heroísmo acima despenhando-se Campanhã
abaixo
A ausência de sintonia entre o
som leve, o odor pesado que não desanuviava com o fresco marítimo da manhã e o
corpulento guardião da louca travessia do herbie...
Momento seguinte número 2;
Cabeça soerguida tronco de fora
na passadeira da praça dos Aliados
As turistas com um olhar loiro e os
corpos promissores que atravessam a passadeira em busca de um táxi que as leve
a elas, e às pesadas bagagens, para o paraíso das companhias aéreas de baixo
custo
Pedras Rubras
Taxi, turn right Taxi
Homem corpulento corpo de fora da
janela.
Elas entenderam que o táxi bafo
de onça estava ocupado mas que havia outros no turn right
Porque a cidade insiste nos táxis
parados
E o swing barafustava ao longo do
caminho em direção ao jazz final e definitivo.
“Estás a apitar porquê?”
Uma lata velha de um vermelho que
apodrecia ao ar, e uma razoavelmente jovem refreava os ânimos mediante a visão
do corpulento taxista.
Ela não conseguia mesmo passar
por ali.
“A menina tem falta de jeito” – sussurrou entre dentes
o taxista que gostava de jazz
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