Do Douro!
Miranda do Douro proclamou a
independência…de Trás-os-Montes.
O GPS insistia em que o melhor
caminho de Bragança a Miranda era por Espanha, mas eu continuava convencido que
Trás-os-Montes era uma realidade apenas nossa, interior mas nossa.
Pois, em Bragança de quinta-feira de Páscoa, o
castelo, os museus, o comércio, tudo tinha fechado ao meio-dia, para um
profundo luto católico…um calendário que se intercepta com as recomendações do
Borda de Água.
Agricultura, calendário das
colheitas, religiosidade profunda e a bênção da meteorologia.
E as longas e sinuosas (mas
largas e bem asfaltadas) estradas do Nordeste que nos envolviam pelas aldeias
fora, no mesmo deserto de seres de toda a província, pareciam querer provar a
teoria da unicidade de um povo que vive para além dos montes.
Mas…
Chegado ao enclave mirandês,
baluarte com uma língua própria que julgava moribunda, rio profundo à entrada
do Reino, percebemos que “ a nossa crise é a crise dos espanhóis”
Não havia silêncio nem paisagens
bucólicas, só um mar de espanhóis e lojas abertas, uma cidade que se expandiu
para além dos seus limites em ruas de uma modernidade duvidosa, forradas de lençóis
e atoalhados, reduzindo a praça da catedral a um papel figurante na grande
azáfama mercantil fronteiriça.
E o glorioso passado clerical e
de uma nobreza guerreira contra os invasores vizinhos desvanece-se numa memória
tão difusa que nem as martirizadas muralhas disfarçam.
Mira (anda) a montra de produtos
portugueses debruçada sobre o Douro!
Miranda assume-se como um dos
pontos mais orientais de Portugal (o local físico mais europeu, e vira a lógica
da interioridade ao avesso)
“Nós somos diferentes de todos os
outros!”
Reconheço que com um pouco de
pena!
Numa coisa todos eles são transmontanos: sabem que a vida
começa neles mesmo e pode terminar em quem os ajuda – mesmo que sejam espanhóis
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