A fila entupia a Almirante Reis e a partir dos Anjos torna-se indisfarçável a alma oriental do bairro.
Tantas vezes por ali passamos a correr e só hoje, no dia em que a fronteira se fechou numa fila compacta, nos relembrámos que Lisboa também é diversidade e que não se envergonha das raízes e dos confrontos com os comerciantes de todo o mundo, para além da boa esperança.
Na noite que invade o fim da tarde, eu diria o Martim se assemelhava a Shangai, Bombaim e Casablanca numa só praça.
Voltámos a ver os carrinhos de mão apinhados de embrulhos, gente que negoceia para revenda, uma agitação que lembra as grandes babilónias do oriente e se desvanece, sem aviso, para os lados da Praça da Figueira.
Embrenhados na Mouraria encontramos a Barbie, a heroína da noite, uma cadela que personifica todos os animais abandonados e que hoje saiu à rua, com um orgulho muito próprio de uma velha anciã relembrada em vida.
Em exposição na Calçada de Santo André, 33
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