Afirmar que Gibraltar é a última fronteira pode parecer um
exagero
Mas Gibraltar é muito mais que
uma curiosidade histórica, porque do penhasco se vislumbra sem dúvidas o
continente africano, provavelmente o único local da Europa em que sente África.
E, diante a pequenez geográfica
do Estreito, a afirmação da soberania britânica é impressionante.
E entende-se, gostem os espanhóis
ou não.
Mesmo que a Europa unida e sem
fronteiras reduza a importância estratégica do rochedo de Sua Majestade, visto
de cima tudo parece mais claro.
E a História é feita de muitos séculos
e a presença da polícia inglesa, do outro lado das barreiras espanholas, é presumivelmente
uma demonstração de visão de longo prazo.
Apesar do seu ar jovial e
levemente distraído diante dos passaportes portugueses.
São muitos séculos de santa
aliança.
Pelas mesmas razões, Melilla e
Ceuta não têm aparentemente tradução direta para árabe.
E esta interferência ostensiva da
Inglaterra nas disputas entre os povos ibéricos e árabes pela supremacia no
estreito é um reflexo da complexidade que os humanos acrescentam ao mundo.
Mesmo que a presença incomodativa
e persistente dos macacos na plataforma do topo do rochedo tenda a distrair-nos
da visão principal, o azul do mar, o cinzento das montanhas africanas que
perfuram o nevoeiro e o castanho da grande rocha revelam a crueza dos
elementos, digna das fronteiras com História.
Longe da multidão que se ocupa
dos bichos e dos souvenirs, é no solitário miradouro sul que me apercebo que há
paisagem para além do porto de Gibraltar.
África ali tão perto. Afinal a
História comum tem também raízes geográficas
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