É um passatempo ver para além das
silhuetas e dos rostos destes seres errantes que atravessam o rio para a
península, deserto, margem sul, da cosmopolita cidade para o areal infinito
que, depois de lá chegarmos, se revela insolitamente vazio, qual parque de
diversões antes da abertura das portas.
A multidão ausente só se agrupa
no cais e logo desaparece no branco do areal, no branco dos blocos de
apartamentos e agora, versão estilizada, por detrás do enorme espelho (hotel,
casino, design e conceitos) que reflete a marina, o canal, o céu, o rio e o
mar, tudo em azul indistinto quase impossível de fotografar com contraste sem
truques de pós produção.
Para onde vão? Porque vão?
Troia é o fim ao contrário porque
devia ser o fim da península mas é o princípio…e o fim, apenas como uma ponte
inexistente com a outra margem.
A Península existe pela ligação
umbilical à outra margem, ao continente, à cidade, mas sem ponte ficou sempre a
meio do rio, costas viradas para a sede do concelho (Grândola, vila morena),
para a província que a adotou (Além Tejo e Sado).
Mas respirado o ar de Primavera
inundada de Sol, mas com rasgos de ríspidos ventos do Norte – afinal existem
ventos do Norte nos prelúdios do Sul – entendemos que Troia não se liga por
ponte, de propósito, revelando um ADN ilhéu, entre o rio, o mar e a areia.
Tem tudo para ser uma ilha
magnética!
As areias movediças parecem sugar
a pressa, os rostos fechados de gente que parece vir trabalhar – para onde? – e
outros que afinal procuram atravessar o rio em busca das terras do Sul – mas afinal
quem é quem?
Não há verdadeiramente autóctones
na ilha peninsular!
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