“ O graffiti é incomodativo, é
mesmo anti-social, mas não podemos nunca renegar que esta foi a origem da
street art. E não podemos, hoje, renegar esta fase de experimentação, na qual
todos nós aperfeiçoámos a técnica e todos fomos perseguidos como perigosos
agitadores que assaltávamos as paredes limpas para construir com os nossos
sprays o futuro da arte”
De rostos cobertos, não
imaginávamos ter, neste futuro que é o presente, de gerir estes dois universos,
o ilegal e subterrâneo e a arte e a fantástica qualidade técnica destes jovens.
Hoje vivemos e trabalhamos numa
linha ténue que separa o reconhecimento artístico, a indiferença da autoridade
e o risco de, uma vez por outra, sermos presos porque alguém aplica a lei.
A arte de rua é a verdadeira
faceta vanguardista da arte.
E aqui no bairro, uma pintura na
parede dura, em média, algumas semanas, porque há sempre novos artistas e as
paredes disponíveis de uma cidade de vidro que nos engole, são cada vez menos
“Where do you come from?”
Singapura, um estágio na City,
banca de investimento
“ Detesto os tipos da City,
porque não conhecem os limites e não respeitam a História. É demasiado desproporcionado
o poder do dinheiro”
O Soho há cinquenta anos, Camden
há vinte, hoje Shoreditch, amanhã terra de ninguém…
E a riqueza de Londres sempre foi
a diversidade cultural, o melting pot de civilizações que sempre povoaram a
cidade, e que foram preservando os bairros e a História, acrescentando-lhe
cheiros e sabores, sem retirar a sua essência de centralidade
Não foi o poder financeiro.
Ben Slow, poeta redentor, um
artista de rua, famoso no espaço cibernético.
E é neste preciso ponto que a
vanguarda do dogma zero se intercepta com as preocupações da formal e poeirenta
realeza.
A História
Redentor e surpreendente, o poeta
Ben e esta aliança improvável, não estivéssemos nós provavelmente na cidade
mais surpreendente e improvável do mundo.
E, ao fim de duas horas de
passeio de cabeça descoberta, ninguém foi preso e o visitante de Singapura, foi
provavelmente o mais bem tratado pela alternative London walking tours
Pelo Ben.
É por isso que adoro ser Europeu.
Só tenho pena de não poder mostrar a sua cara…é que nunca se sabe se os poderes
ocultos podem, hoje à noite, querer aplicar a lei, ou o próprio Ben, ao abrigo
da lei que protege a sua imagem, ter vontade de me processar.
Adoro ser europeu
Não fosse o diabo tecê-las,
paguei generosamente ao Ben. Afinal de contas, ele também mereceu!
Sem comentários:
Enviar um comentário