Não havia tempestade no mar por
isso pássaros em terra na manhã de Natal só podia querer significar que o Homem
dos presentes, do trenó e das renas douradas tinha espalhado a confusão entre a
passarada, logo ali, na foz do mar!
Havia musgo na passadeira, poças
de água de uma noite de maré cheia, um céu contornado por azul do mar, portanto
uma noite de estrelas, um rasto de estrelas cadentes que, contrariando as leis
da física, subiram rio acima, mal o sino protetor dos pescadores da margem sul
tocou as doze badaladas, e os homens do mar nem perceberam a agitação dos
pássaros porque a missa do galo tinha apenas começado.
A agitação, a perplexidade e
insanidade matinal dos pássaros da foz do mar revelavam sinais de uma noite mal
dormida, à procura de um refúgio das fantasias de Natal.
Quando o bando de pombos virou a
suas cabecinhas escanzeladas na minha direção, numa sincronia impossível num
bando tão grande, lembrei-me do grande mestre do suspense e fiquei assustado
Mas afinal de contas, apenas
procuravam o Sol e eu era o único ser assustador que por ali andava.
Debrucei-me no espelho retrovisor
de um carro transeunte e só vi um velho de barba branca e de gorro encarnado.
E os pássaros voaram!
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