Subi logo de manhã à Torre da
redescoberta Irmandade à procura de um lugar privilegiado entre os apóstolos do
Natal, e sentei-me à espera.
Era hoje que iria confirmar se o
Pai Natal afinal sempre atravessava os céus num trenó puxado por centenas de
renas.
Por isso fui cedo. Assim poderia
estudar as rotas de mais perto, com mais tempo, sem as agitações de última
hora, acender as luzes da pista de aterragem e, quem sabe, afagar pelo menos
uma haste de rena, passassem elas ao nível da torre.
E se Ele fosse apenas um ser
vulgar, anónimo, e, quão vampiro, se transformava na noite mágica a ele e a
todos os que persistissem em vaguear na rua após o anoitecer, uma espécie de legião
de Cinderellas a fugir da meia-noite inundados de presentes, e se as renas
fossem apenas uma mistificação?
Tornei-me assim mais atento aos
seres normais, com a proteção da Irmandade e a segurança das alturas.
E as horas passaram, o Sol subiu
sem vergonha e desceu escondido entre o cinzento das nuvens.
E eu cansei-me de esperar. Afinal
de contas não queria correr o risco de me tornar vampiro quando o sino da torre
tocasse as doze badaladas
Do meio-dia ou da meia-noite!
Desci a torre a correr ,
convencido que estava a ser vigiado por seres extraterrestres, sem conseguir
distinguir o que era a magia do Natal e um filme de ficção cientifica!