A fortaleza está sempre aberta! –
o à vontade do estalageiro da tasca da beira da estrada, monte acima deixou-me
desconfiado
Voltei tão breve como prometi a
mim próprio, porque me fascinou a forma como eles conseguiam comunicar por
telégrafo ótico em seis minutos, entre o Tejo e o Atlântico!
A viagem ao campo de batalha é um
deserto histórico, a anti promessa do Centro de Interpretação, uma muito vaga
referência às muralhas das linhas de Torres
Não há portão, nem fosso nem
pedras empilhadas que nos façam lembrar as barreiras inexpugnáveis e lá se foi
aquela imagem preconcebida de fortaleza
Mistério. Como desapareceram mais
de quarenta quilómetros de muralha de pedra em duzentos anos de História sem
guerras substanciais?
É um elogio do lugar vazio, não
há senão restos escavados de muralhas, paióis e um memorial de cimento,
levemente modernista e pomposamente inaugurado pelo presidente Aníbal
Até 2010 seriam apenas montes
verdes com uma vista avassaladora, do Tejo ao Atlântico
Arqueólogos desenterram passados
recentes e encontram sinais do paiol. Os ingleses tinham aprendido a lição de
Almeida e enterraram-no bem fundo nos montes de Torres. Aparentemente
protegeram-nos das tropas de Napoleão e do sinal dos tempos
Pedras desmontadas por um povo
que lhes encontrou outra utilidade?
Bela oportunidade perdida de rivalizar
– à nossa dimensão – com a muralha de China!
O estudo topológico do lugar revela
hoje como revelou antes um lugar mágico, uma vista que cola o infinito, ontem
pejada de coloridos soldaditos de chumbo, pequenos napoleões desorientados
pelos vales profundos e pelas fortalezas que os espiavam de um inesperado céu,
a 435 metros de altitude, de manhã mais a norte, outros dias mais a sul, sem
poderem ver nem o mar nem o tejo
Hoje pejada de energia eólica, as
verdadeiras fortalezas são quase voadoras, feitas de hélices que assustam os
pássaros e fornecem eletricidadeSerão as novas muralhas ou os soldados da moderna república de Napoleão?