Tal como o século XX, Escher
explorou os limites do surrealismo pelas suas próprias mãos, utilizando as mais
improváveis técnicas de arte para produzir universos não conciliáveis.
Gravador, matemático e inteletual,
parece ter vivido distanciado dos colapsos da velha Europa, construindo, a
partir da sua História, da arquitetura e das paisagens, um mundo de perspetivas
impossíveis e imagens desconcertantes, uma proto realidade, apenas realizável nas
lendas dos nossos passados, como se todas as suas criações tivessem uma origem
comum nas fábulas de uma terra mágica, como se Escher fosse o Feiticeiro d’Oz e
a sua inspiração tivesse renascido das lavas da erupção de Thera que, quem
sabe, terá afundado as utopias da Atlântida e nos privado da memória dos mundos
impossíveis.
Passou incólume pelo século XX,
porque viveu uma realidade paralela que inspirou os novos movimentos de
ressurreição criativa e de vanguardismo inteletual que terão salvo o Continente
do pós-Guerra das trevas.
Talvez por ter escolhido viver
longe, construiu uma realidade não corrompida , uma mágica essência de quem representa,
vezes sem conta e de forma meticulosa, o espaço, por natureza tridimensional,
em planos bidimensionais.
As obras de Escher reinventam a
Antiguidade, as influências árabes e a Renascença numa sequência que salienta a
coerência entre o seu ritmo de descoberta e de transformação dos dos momentos
altos da genialidade artistica da nossa História em premonições de futuro de
harmonias geométricas.
Mesmo podendo não ser verdade, é
o imaginário a duas cores, mais colorido que eu consigo imaginar.
Entre utopias e uma visão.
“Deus não pode existir sem o mal, e desde que se aceite a
ideia da existência de Deus, tem de se aceitar também a do mal. É uma questão
de equilibrio. Esta dualidade é a minha vida”
É especialmente uma questão de equilíbrio.
Sem comentários:
Enviar um comentário