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quarta-feira, 22 de julho de 2015
domingo, 5 de julho de 2015
Encalhados
Geração é um conceito artificial, porque não há
espaços perdidos ou tempos mortos.
Mas X é a primeira reconhecida como especial.
E aproveitámo-nos da amplitude do conceito para
roubar aos nossos pais, tão comprometidos que eles estavam com o estado
protetor.
Entregaram-nos a liberdade mesmo antes de nós sabermos o que fazer com
ela.
Crescemos na sombra e sonhámos em toda a sua
amplitude. Havia um modelo e por isso fomos sôfregos e renegámos a ideia do
império do mar. Também com o tempo fomos percebendo que, se procurávamos a
glória marítima, também já não era este o mar que interessava.
E a identidade cultural era pois continental, a
herança dos princípios e do direito da antiguidade clássica.
Infelizmente longe, mais tarde redenominada periferia
Vinte e quatro horas de comboio pelos planaltos de
Espanha.
A liberdade deu-nos mundo, colocou-nos na rota da
criatividade e, esta, voltou a dar-nos mundo, agora felizes por cabermos no
berço da sociedade humanista.
E saltámos diretamente para a época do pretensamente
pós-industrial
E a aspiração tornou-se sôfrega e a aritmética da
abundância não cumpriu as regras dos nove fora.
Demasiado grande que se entorna na nossa curta
perceção de existência.
O (ter) mundo acentuou a desigualdade nas perceções e
nas oportunidades, entre as aspirações e a capacidade, o querer e o poder.
E fizemos nascer as duas últimas letras do
abecedário: Y e Z
Gerações quebradas a meio, pelas escolhas da
liberdade?
Hoje debatemo-nos pois entre dois
ícones da geração dos cinquenta anos mais tarde: raízes e identidade
Entre um triângulo previsível e um conjunto de equações de múltiplas
variáveis, sobrevoou-se apressadamente a liberdade, o sonho e a procura do
indivíduo.
A idade e a aritmética pesam e alguns de nós procuram dar sentido à
próxima geração.
Será possível encontrar um qualquer ponto comum que os una em torno da
procura de novas raízes pelo mundo e da descoberta de uma nova identidade no
nosso espaço?
Hoje, subitamente, recomecei a ter dúvidas
Especialmente hoje!
Small Fountains (ou os despojos do Santo João)
Ainda cheira a restos de fogo
Queimam ainda os restos da sardinha
As gaivotas sobrevoam as espinhas e as peles
As ruelas regressam ao seu estado salobro
Inclinadas, sombreadas de uma pedra sem ornamentos nem fitas coloridas
O silêncio é apenas cortado pelos sons dos pequenos guardiões dos pátios que empunham metralhadoras de água mas que se rendem com uma festa na cabeça
Incondicionalmente
O fumo vai-se impregnando na pedra
As vizinhas voltam a trocar conversas
A roupa volta a estender-se ao Sol
E as mentiras passam a ser inscritas como verdades
Fontainhas, made in Douro
sábado, 4 de julho de 2015
Intervalo de Cristal
Procuro o silêncio da tarde, mas não encontro.
Não existe afinal o meu intervalo para a reflexão.
A multidão está por todo o lado, numa hesitação entre o calor que emana da cidade e a brisa que sobe o rio.
Apesar da cidade ser cada vez mais um burburinho de línguas e cores diferentes, ela vive cada vez mais esta diferença como o seu intervalo.
Primeiro porque é fim de semana e disso ninguém duvida.
E eu desisto do silêncio e conformo-me com o movimento.
Entre projetos decido, num impulso, suspender a procura da perfeição que me empurra para a abstinência e satisfaço-me a imaginar que é sempre possível cristalizar os olhares e imaginar uma cidade com (nano) momentos de pausa
O tal intervalo de cristal : o da procura da perfeição e o do frenesim dos outros
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