Geração é um conceito artificial, porque não há
espaços perdidos ou tempos mortos.
Mas X é a primeira reconhecida como especial.
E aproveitámo-nos da amplitude do conceito para
roubar aos nossos pais, tão comprometidos que eles estavam com o estado
protetor.
Entregaram-nos a liberdade mesmo antes de nós sabermos o que fazer com
ela.
Crescemos na sombra e sonhámos em toda a sua
amplitude. Havia um modelo e por isso fomos sôfregos e renegámos a ideia do
império do mar. Também com o tempo fomos percebendo que, se procurávamos a
glória marítima, também já não era este o mar que interessava.
E a identidade cultural era pois continental, a
herança dos princípios e do direito da antiguidade clássica.
Infelizmente longe, mais tarde redenominada periferia
Vinte e quatro horas de comboio pelos planaltos de
Espanha.
A liberdade deu-nos mundo, colocou-nos na rota da
criatividade e, esta, voltou a dar-nos mundo, agora felizes por cabermos no
berço da sociedade humanista.
E saltámos diretamente para a época do pretensamente
pós-industrial
E a aspiração tornou-se sôfrega e a aritmética da
abundância não cumpriu as regras dos nove fora.
Demasiado grande que se entorna na nossa curta
perceção de existência.
O (ter) mundo acentuou a desigualdade nas perceções e
nas oportunidades, entre as aspirações e a capacidade, o querer e o poder.
E fizemos nascer as duas últimas letras do
abecedário: Y e Z
Gerações quebradas a meio, pelas escolhas da
liberdade?
Hoje debatemo-nos pois entre dois
ícones da geração dos cinquenta anos mais tarde: raízes e identidade
Entre um triângulo previsível e um conjunto de equações de múltiplas
variáveis, sobrevoou-se apressadamente a liberdade, o sonho e a procura do
indivíduo.
A idade e a aritmética pesam e alguns de nós procuram dar sentido à
próxima geração.
Será possível encontrar um qualquer ponto comum que os una em torno da
procura de novas raízes pelo mundo e da descoberta de uma nova identidade no
nosso espaço?
Hoje, subitamente, recomecei a ter dúvidas
Especialmente hoje!
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