No
quarteirão do Marquês destila-se o Inverno em tons amarelo e castanho.
E
verde.
Os
sons do silêncio são corrompidos pelo tresloucado autotanque dos bombeiros que
curva em duas rodas, entre os palácios do marquês, olhos esbugalhados de
capacete triangular, um estridente sentido de urgência em direção a uma nova
tragédia, para lá da marginal.
Ruído
do silêncio interrompido!
E a
seguir volta a chuva nos intervalos de um Sol intermitente.
Nova
interrupção do silêncio, mas esta foi a última.
Circulando
o verde ninguém mais se arrisca a abraçar a natureza nesta manhã de aguaceiros
sobre a zona histórica de Oeiras.
A
igreja toca o sino, mas não há murmúrios de fiéis
O
Palácio do Egito (?) anuncia o último dia de exposição de um pintor moderadamente
famoso, mas respiro sozinho na imensa sala deste palacete frio e confuso com a
falta de coerência da cronologia do artista.
Como
em quarenta anos a mente humana se pode transformar num tão grande borrão
surrealista!
Preferimos
a escola naturalista da Flandres, no burgo do marquês, quiçá indiferente à
cultura e às tendências da pintura do Norte da Europa (para além dos Alpes,
entenda-se)
Na
ilha do marquês (sim é apenas um quarteirão e tal entre a selva urbana) em dia
de luz meio mortiça, podemos fazer um exercício aproximado, entre castanhos,
amarelos e verdes, de pintura realista de tons outonais.
E
rosa.
Flandres
portanto.
Na
ilha do Marquês, nos jardins de Oeiras que, sem transeuntes, até quase se consegue
transformar a paisagem num universo intemporal!
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