Só me recordo do repetido e
mecânico regresso a casa…
Cinco vezes esta semana, como em
(quase) todas as semanas
Na semana 3, o regresso a casa
faz-se através de uma noite precoce, luzes desbotadas pela chuva que borrifa
intermitentemente o asfalto riscado pelo traço branco que insiste em não se
desviar do meio da estrada.
E como diz o fotógrafo, o
regresso a casa é um exercício de solidão rodeada de pessoas
Tal como na semana 52…
Na semana 3, não há forma de mudar a folha do calendário.
Way Home,
versão minha e não do fotógrafo: Entre as pontes e os viadutos, a visão
entrecortada dos pedaços de céu ainda reflete os fogos-de-artifício do mundo
inteiro, e a sensação de que o tempo se desprendeu do curso do tempo na noite de
fim de ano, tanto fogo e um ano que durou tantas horas a despedir-se que não partiu!
Einstein argumentava que o tempo
é uma medida relativa…e Dali derretia os relógios nas árvores e nas mesas, como
naturezas mortas à espera da ressurreição
(…insiste em não se extinguir)
Um presidente que continua a esvair-se como uma natureza
morta que derrete os relógios do tempo numa amnésia premeditada dos princípios
atuariais, sem uma pinga de sentimento de culpa nem uma gota de solidariedade geracional.
Estamos na semana 3 do ano XIII, e o tema continua a ser a
pensão do presidente.
E o ano não acaba e, nas janelas
da semana 3, tudo se assemelha a paisagens vazias, no regresso a casa, na
escolha de livro da semana, na obsessão pelos fins-de-semana culturais.
Fascino-me momentaneamente pela
viagem do escritor irreal Dentro do Segredo, mas o relato deste mundo
improvável, mas insano, revela-se tão depressivo, tão meticulosamente obsessivo
quanto a encenação patética que descreve.
Chama-se Coreia do Norte, e o híper
realismo assemelha-se a um doentio voyeurismo das nossas mais profundas
entranhas.
Na semana 3, esta leitura em três
dimensões antes de dormir e, bem depois do suburbano e cinematográfico back way home, provocou-me um sono
suspenso entre o pesadelo e a insónia, que me empurra para o passado, vira-me
as memórias no sentido inverso aos ponteiros do relógio e empurra-me
irremediavelmente para dentro de uma paisagem dantesca.
As minhas humildes desculpas ao
autor…
O tempo voltou a encaixar na
máquina do tempo e rebobina os épicos exemplos de construção rocambolesca de
uma sociedade utópica, um culto de personalidade tirano e inenarrável
Decapitação intencional da
natureza humana em formato de exibicionismo descritivo.
Chego a pensar que seria melhor
manter o segredo fora da literatura
Humildes desculpas ao autor!
Vanguardas Russas, um Sábado à
procura dos meus fétiches pessoais, arte merecedora de sala no Tate Modern, no
Centro Cultural de Cascais e nas paredes da minha casa, mas tão surreal quanto
a viagem do José Luis.
Menos perigosa, porque se
transformou a realidade em arte, perdendo assim todos os vestígios de carga
ideológica.
Com antecendentes destes, não podia mesmo terminar a semana 3
doutra forma!
Tudo paisagens vazias nas
precoces noites frias de um inverno seco, mas de mar tempestuoso, no meu
regresso a casa
Regresso ao futuro, na semana 4?
?
Neste prolongamento de ano
passado (Einstein e a sua medida relativa) sem tempo preciso, nem a casa dos
segredos foi decapitada de vez nem as nossas elites conseguem descobrir as
raízes do estado social, no tecnocrático relatório sobre a história da nossa
dívida pública.
Ansiamos que o nosso presente (passado
ano de 2012) se transforme em reality show ou sala de museu na ala de arte contemporânea.
No Domingo , a fúria dos
elementos – o vento, o mar revolto e os contrastes das cores do fim da tarde –
prometem-nos que na semana 4, vamos finalmente regressar ao futuro.
É a teoria da destruição criativa
dos elementos, que ninguém ainda inventou!